Considerado um dos expoentes da arte naif na América Latina por sua técnica apurada e a expressividade de seus quadros, Iwao Nakajima (1934-2011) será homenageado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo com a realização da exposição "A Arte Naif de Iwao Nakajima". A inauguração aconteceu no Espaço Cultural IV Centenário, e ficará aberta para visitação pública até o dia 26 de outubro, de segunda a sexta, das 9 às 19 horas.
A mostra reúne cerca de 30 obras mais representativas do artista, que veio para o Brasil em 1955. "São quadros a óleo que ele produziu de 1961 até 2010, um ano antes de falecer", conta a viúva Sumiko Nakajima, lembrando que os trabalhos, dos mais variados formatos - o maior mede 1,30 m x 1,00 m -, estarão à venda.
Natural de Gunma (Japão), Iwao Nakajima estudou pintura e desenho na Escola de Artes de Cerâmica de Nagoya. Chegou ao Brasil em 1955, como técnico de pintura e esmalte. Naturalizou-se brasileiro em 1977. Membro da Associação Paulista de Belas Artes, ele sempre se dedicou à pintura a óleo.
A mudança para a arte naif, conhecida pela riqueza de detalhes, ocorreu em 1975, durante uma viagem ao Rio São Francisco. "Ele costumava dizer que a pintura a óleo não traduzia o que realmente queria expressar", conta Sumiko, acrescentando que o Iwao sempre trabalhou com temas brasileiros.
"Como ele já tinha uma base de estudo no Japão, a transição não foi difícil", explica Sumiko. Como ele já dominava a técnica, a identificação veio em seguida. "Ele sempre foi autodidata", explica a viúva do artista, acrescentando que, no Brasil, Iwao Nakajima foi o primeiro e até hoje um dos únicos a utilizar a técnica. "Mesmo no Japão são poucos", diz Sumiko, lembrando que o marido gostava de sobrepor cores vivas
"Ele só trabalhava com a espátula, para espalhar a tinta, e pincéis, de preferência os mais finos para dar o acabamento", conta Sumiko, explicando que um quadro podia demorar até um mês para ser feito.
Sua morte, em 2011, interrompeu vários projetos o casal.
Currículo - Iwao Nakajima estudou pintura e desenho no Instituto de Pesquisa de Cerâmica e Porcelana de Nagoya, Japão. Em1956, chegou ao Brasil como técnico de pintura sobre esmalte, iniciando seu trabalho na fábrica de porcelana Monte Alegre, em São Caetano do Sul, onde permaneceu até 1958, fechamento da fábrica. Em 1961, visitou Mauá, onde comprou um terreno no bairro Feital para construir seu ateliê de pintura. Casou-se com Sumiko, entrou com suas pinturas sobre tela nos salões de arte de São Paulo, ganhou prêmios.
Só em 1975, Nakajima conheceu Embu das Artes, onde passou a mora em 1977. Neste período, viajou pelo País. A pintura naif é uma tradição em Embu das Artes e Iwao Nakajima, uma de suas principais expressões. Participou das últimas exposições Nikkei de Arte e Craft, do Festival da Cultura Japonesa, e neste ano será o artista homenageado dessa mostra.
Nakajima representou Embu das Artes na 10° Bienal Naifs do Brasil, em Piracicaba, em 2010. Recebeu em junho, da Câmara Municipal embuense, a Comenda de MéritoLegislativo Padre Belchior de Pontes, "pelos relevantes serviços prestados à comunidade embuence". Em 2004, ele recebeu diversos prêmios, no 55º Salão da Paisagem, em São Paulo, no 63º Salão Livre da Associação Paulista de Belas Artes (APBA).Também foi premiado no Salão Comemorativo dos 450 anos de São Paulo e 44º Salão de Belas Artes, além de exposições em Nova York, nos Estados Unidos.
Fonte: Portal Nikkei