Exposição mostra as festas do Congado
Myriam Vilas Boas abre exposição com 12 das cerca de 3 mil fotografias que fez em Oliveira.
AzulCrença retrata o Reinado de Nossa Senhora do Rosário, quando as guardas se reúnem Mineira de Caxambu radicada em Belo Horizonte, a servidora pública Myriam Vilas Boas começou a fotografar em 2003. Numa das saídas para exercitar o hobby, em 2005, foi parar em Oliveira, na Região Centro-Oeste, onde se encantou por manifestações locais de congado. Desde então, passou a visitar a cidade ao menos uma vez por ano, sempre com a máquina fotográfica em punho. Fez cerca de 3 mil imagens, dentre as quais selecionou 12 para Azul/Crença, exposição que abre amanhã, na Passarela Cultural do anexo da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte.
"Em Oliveira, como ocorre nas comunidades dos Arturos e do Jatobá, há preocupação muito grande em preservar os rituais. O congado não é folclore, é um ritual de fé, como celebrações da Igreja Católica. Continuo voltando a Oliveira até hoje, criei amizade muito grande com o pessoal das guardas de lá. Sempre comunico a eles sobre as exposições. Tenho muito carinho e cuidado com eles", afirma Myriam. Ela se refere aos integrantes das guardas de Moçambique Nossa Senhora do Rosário, de Moçambique Nossa Senhora das Mercês e de Congo Nossa Senhora do Rosário.
A maioria das fotos, expostas em formato 90cm x 60cm, foi feita em setembro, mês em que as guardas de Oliveira costumam realizar o Reinado de Nossa Senhora do Rosário. "Essa festa é muito grande, pois todas as guardas da região passam pela casa de Pedrina e de Antônio, irmãos que são os capitães das guardas. Sem falar nos visitantes. Depois, todos se concentram na praça principal da cidade, para a descida das bandeiras, cada guarda com a sua", explica.
As imagens revelam detalhes da festa, que reúne personagens como reis, rainhas, coroados, porta-bandeira, capitães-regentes, dançantes, cantadores e caixeiros ao som de tambores e cantos, numa mistura de elementos da cultura negra e católica. "É uma festa cheia de cor. Eles se vestem de azul e isso é muito forte. Pedrina tem muito cuidado com isso. As roupas são lavadas, passadas e engomadas. São as mesmas roupas para todos, incluindo turbantes azuis", conta.
A fotógrafa acredita que as imagens são resultado de balanço entre preocupação documental e olhar pessoal sobre o congado de Oliveira. "As fotos não deixam de ter caráter documental, mas hora nenhuma deixo de trazer meu olhar para isso. Há uma pegada minha nessas imagens. Não tenho preocupação de mostrar tudo o que ocorre. Vou caminhando com as guardas e registrando o que mais me chama a atenção", diz. Houve dias em que acompanhou os congadeiros por cerca de 12 horas seguidas.
Início Esta é a primeira vez que a exposição é montada em Belo Horizonte, mas sua estreia foi em Brasília, no Espaço Chatô da Fundação Assis Chautebriand, em janeiro. Na ocasião foram expostas 16 imagens em tamanho menor (30cm x 45cm) do que o atual. "Agora a diferença é muito grande, pois além do tamanho maior uso o papel que é próprio para impressões em museus, chamado Hahnemüehle", observa a fotógrafa. Azul/Crença é a primeira exposição individual dela, que tem experiência em fotografar para capas de discos, já participou de várias coletivas e tem prêmios no currículo.
Serviço - até dia 31, na Passarela Cultural do anexo da Biblioteca Pública Estadual, Rua da Bahia, 1.889, 2º piso, Funcionários. Horários de visitação: de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h; sábado, das 8h às 13h. Informações: (31) 3269-1219. Entrada franca.