Mostra do artista plástico pernambucano fica em cartaz até 29 de julho, no Centro Cultural Correios do Recife.
- Recife/PE - Desfazer uma construção, mas sem destruí-la. Desconstruir esmiuçando, revelando apenas o reflexo de uma construção que se tem do objeto construído. Uma visão macro, uma lupa sobre a obra de um artista plástico, que aos 40 anos de carreira decidiu experimentar. Depois de três anos sem expor, o pernambucano Pragana apresenta uma nova exposição individual, batizada de Desconstrução, em cartaz até 29 de julho, no Centro Cultural Correios do Recife, com curadoria de Weydson Barros Leal.
Desconstrução foi construída com 30 trabalhos em acrílico sobre papel, em dimensões que variam de 0,60 x 0,60cm a 1 x 2m. Essa é, inclusive, a primeira vez que Pragana pinta utilizando o papel como base. E o novo material já aparece desconstruído, em pedaços rasgados e pintados individualmente, colados na composição das telas. "Quis desconstruir construindo algo novo. Acho que a desconstrução é fazer mais com menos, sem ter que, para isso, desvincular o trabalho de todas as referências", explica Pragana, que continua apostando na mesma cartela viva de cores. Um grande objeto de cena (6 x 2,5m) será montado na sala de exposição, como um quadro interativo em que os visitantes poderão construir e desconstruir telas utilizando recortes de carpete e velcro.
Para construir o universo de Desconstrução, Pragana visitou comunidades carentes, como a Favela do Bode, e passeou de barco para ver de perto as palafitas, construções sociais em cujas paredes se viam as marcas de uma sociedade insensível à sua própria imagem - uma sociedade que queria se reconstruir. Pragana sempre expressou sua preocupação com a temática social, quer seja no universo cinza e preto das drogas, ou no colorido da sociedade de consumo. Daí a ideia original de construir uma "palafita artística", com a sobreposição do preto ao laranja, sem deixar de ser sempre fiel ao que acredita, ao que emociona, ser sempre autêntico ao seu ser inquieto.
"O que Pragana realiza em seus trabalhos sobre papel é um aprofundamento de suas pesquisas de linguagem, uma linguagem que ao transitar inicialmente por campos do figurativismo expressionista, envolve o que poderíamos chamar de uma abstração que busca a forma, como metáforas que permanentemente dizem a poesia", diz Weydson Barros Leal. "Realizadas com fragmentos de papéis que são pintados individualmente, essas obras são composições cromáticas de recortes feitos a mão, sem o uso de qualquer ferramenta como tesoura ou lâmina. O resultado são quadros de força e expressividade que são a marca e a assinatura de Pragana", completa o curador, Crítico de Arte membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA)
Desconstrução marca ainda a volta de Pragana para os limites do abstrato, revelando na concretude do que viu e construiu com rasgos e tintas, novos limites sem limites de um trabalho inusitado. Pragana alça vôo em papel rasgado, retira molduras em vidro, joga acrílico num recorte enviesado, muda o brilho da obra e provoca novas percepções de uma realidade que está sempre pronta para se reinventar.
Sobre o artista
Carlos Alberto Lucas Pragana nasceu no Recife, em 1952. Fez sua primeira exposição na AABB, aos 14 anos, em setembro de 1966. Em 1972, entra no curso de Desenho Industrial da Universidade Federal de Pernambuco. Abandona o curso em 1974, para cuidar do engenho da família, mas não para de pintar. Em Agosto de 1975, ganha o Prêmio de Aquisição do II Salão de Arte Global de Pernambuco (Rede Globo). Participou de 15 mostras coletivas e 7 exposições individuais, sendo duas delas no Museu do Estado de Pernambuco, em 2001 e 2009.
Serviço:
Evento: Exposição - DESCONSTRUÇÃO, de Pragana
Local: Centro Cultural Correios (Av. Marques de Olinda, 262 - 2º. Andar - Bairro do Recife)
Horário: 09 às 18 horas de terça a sexta e, sábados e domingos das 12 às 18 horas
Entrada Franca
Informações e agendamentos: 81 3224 5739
Fonte: Centro Cultural Correios