História da Arte |
1. Identificação:
1.1 - Espécie: Busto
1.2 - Título: General Labatut
1.3 - Autor: Pasquale de Chirico
1.4 - Época: 2 de julho de 1923
1.5 - Origem: Fundição: Cavina - Rio
1.6 - Propriedade: Prefeitura Municipal de Salvador
2. Localização:
2.1 - Endereço: Praça da Araponga - Lapinha
2.2 - Localização: Próximo ao Pavilhão 2 de Julho
3. Dados Técnicos:
3.1 - Material: Bronze e Granito
3.2 - Técnica: Fundição e Pedra Lavrada
3.3 - Dimensões: Altura = 4,74m, Base (2,50 x 2,50)m
4. Descrição Sumária:
O Monumento é composto de pedestal de granito picotado de base quadrangular com três degraus, de altura irregular, de onde nasce pilastra quadrada, bem mais estreita com 2,80m de altura.
Na parte superior da pilastra, encontra-se o busto do General Labatut. Este, apresenta-se de forma frontal, cabeça levemente voltada para direita. Possui vasta cabeleira repartida do lado esquerdo. Os cabelos se unem a espessa costeleta. Sobrancelhas arqueadas, olhos abertos, nariz aquilino, boca normal. Bochechas com marcas de expressão bem acentuadas. Braços flexionados, mão direita sobre a esquerda.
O General apresenta-se vestido com uniforme de gala, com galões e condecorações. Na parte frontal do monumento, na parte mediana da pilastra, existe placa de bronze, trespassada por uma espada e decorada com festão na parte inferior. A placa contem a seguinte inscrição:
AOS HERÓIS DA INDEPENDÊNCIA A BAHIA AGRADECIDA 1923
Na parte posterior da pilastra, placa de bronze com a seguinte inscrição:
AOS DESCENDENTES DOS BAIANOS QUE COMBATERAM COM O GENERAL LABATUT PELA LIBERDADE DO BRASIL, LEVANTARAM ESTA HERMA NO PRIMEIRO CENTENÁRIO DA CAMPANHA DE 1923.
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A história da fundição artística no Brasil é confusa e pouco estudada. Baseando-nos em poucos registros que existem, sabemos que, na Colônia, fundia-se metais para confecção de armamentos e utensílios. O índio era usado como ajudante e ficava fascinado pelo valor dos metais e pela superioridade que apresentavam em relação aos seus toscos instrumentos de armaria feitos de pedra. O fato acabaria facilitando, ajudando muito na catequese dos indígenas.
Os registros arqueológicos mostram-nos que as mais remotas civilizações trabalharam com a fundição artística em metais. Com habilidade, os povos antigos faziam vasos, relevos, placas, objetos litúrgicos, decorativos e utilitários que, através da história da arte, registraram a arte da Suméria, da Assíria, do Egito, a Hitita, a Romana, a Grega, entre outras.
No Brasil, país rico em minérios, é difícil de acreditar que as primeiras fundições artísticas só irão ocorrer no princípio do século dezenove. A primeira notícia de descoberta de metais data de 1552, através da carta do bispo D. Pero Fernandes Sardinha a D. João III, rei de Portugal, fato confirmado mais tarde pelas cartas do padre Anchieta.
A descoberta dos metais, as Capitanias prosperando, as primeiras plantações da cana-de-açúcar e a construção dos primeiros Engenhos irão fomentar a vinda de profissionais especializados, como mineiros, ferreiros, carvoeiros, pedreiros e fundidores de metais.
A fundição artística irá aparecer com o surgimento das primeiras Casas da Moeda, que exerceram um papel fundamental no processo. Em 1645, em São Paulo, é fundada a primeira Casa de Fundição, sendo lá confeccionadas as primeiras moedas brasileiras, servindo assim de embrião para a Casa da Moeda. Entretanto, a primeira Casa da Moeda foi fundada na Bahia, em oito de março de 1694 e extinta em 1702, quando é transferida para Pernambuco por um ano e, depois, para o Rio de janeiro.
No século dezoito, com a expansão do ciclo do ouro em Minas Gerais, chegaram a funcionar três Casas da Moeda no País. Cunhava-se moeda em Minas Gerais, na Bahia e no Rio de Janeiro, sendo todas essas casas supervisionadas pela Casa da Moeda de Lisboa, queditava o regimento pelo qual orientavam as atividades a serem desenvolvidas.
No decorrer do século dezessete e dezoito, o país preocupava-se com a extração do ouro e das outras riquezas minerais de nosso solo e o seu envio para Portugal, não se importando com a qualidade das fundições.
Chegavam à Colônia profissionais hábeis em fundir metais, só que pouco ou quase nada se fez pela fundição artística nessa época.
A figura de destaque na fundição artística no período colonial é a de Mestre Valentim. Homem de origem humilde, nascido em Minas Gerais, filho de uma escrava brasileira com um fidalgo português, teve seus estudos artísticos realizados em Lisboa por incentivo de seu pai. Com a morte do progenitor, retorna ao Brasil e torna-se o primeiro fundidor artístico nacional, quando funde as peças de arte que idealiza para compor as obras de urbanização da área que ía do Boqueirão até a Lapa. Dirige os trabalhos urbanísticos e constrói um moderno Passeio Público. À frente da obra durante anos, ele faz a planta do traçado urbanístico e dos objetos de arte, acompanhando a fundição dos medalhões de bronze dourado dos portões e as estatuetas de Narciso e Echo, que hoje se encontram no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
O pioneirismo de Mestre Valentim no processo de fundição não deu frutos, sendo proibida fundições artísticas no país, devido ao grande número de escravos na cidade, que dominavam a técnica e poderiam vir a fundir armas.
Segundo levantamento realizado no Almanaque Administrativo Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, editado por Eduardo e Henrique Laemmert, no período de 1848 a 1860, surgem alguns profissionais ligados à fundição e um ou outro escultor que deveriam realizar obras que eram fundidas em bronze ou pelo processo de galvanoplastia.
No século dezenove, tem-se a notícia de uma fundição na Ponta da Areia, em Niterói, onde o escultor Almeida Reis funde uma estátua denominada O progresso, representado pela figura de um homem de pé, segurando em uma das mãos uma locomotiva e, na outra, raios identificando a eletricidade.
Os monumentos públicos de porte, como o Monumento ao descobrimento do Brasil entre outros, eram enviados à Europa para serem passados para o bronze. O escultor Rodolfo Bernardelli, autor de grandes monumentos públicos e das figuras heróicas espalhadas pelas praças e repartições públicas, fundia suas peças na Fundição Barbediene, em Paris.
Com a reurbanização da cidade do Rio de Janeiro, no início do século vinte, surgem as primeiras fundições envolvidas com o processo artístico. São elas: Fundição Indígena, Fundição Cavina e Fundição Zani, responsáveis pela maioria das estátuas e bustos que hoje enfeitam nossas praças e que enalteceram o desenvolvimento da fundição brasileira.
A Fundição Artística e Metalúrgica Zani foi fundada na década de vinte, no século passado, pelo escultor italiano Amadeu Zani. Em 1933, seus filhos vieram para o Rio de Janeiro executar o monumento ao Marechal Deodoro. Instalados inicialmente na Avenida Venezuela, concluíram esse trabalho e mudaram-se para Santo Cristo, onde a Fundição Zani está até hoje sob a direção do engenheiro Amadeo Zani, seu neto. Na fundição foram confeccionados inúmeros monumentos e obras artísticas de menor porte, como bustos, pequenas estatuetas, estatuária funerária e sacra, estando as mais significativas espalhadas pelos principais logradouros públicos da cidade do Rio de Janeiro.
Moema
Tema trabalhado pelo autor do poema épico Caramuru (Lisboa, 1781), de Santa Rita Durão. O escultor Rodolfo Bernardelli retratou o momento em que o corpo morto de Moema é trazido de volta à terra pelo mar, depois que ela nadou, em vão, seguindo a embarcação que levava o seu amado e herói principal do poema - Diogo Álvares Correia.
Mariza Guimarães Dias
Museu Nacional de Belas Artes
Jornal do MARGS, nº 77, março de 2002
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