História da Arte |
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(1846 - 1920)
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Joalheiro russo nascido em São Petersburgo, Rússia, um dos mais importantes ourives, joalheiros e designers da história das artes de decoração fina de objetos. Primeiro filho do também joalheiro Gustav Fabergé, aos 16 anos começou trabalhando para o empresa do pai e passou a trabalhar independentemente aos 21. Estudou na Alemanha, Itália, França e Inglaterra e, depois de se casar Augusta Jakobs, com quem teve quatro filhos, os quais também se tornaram desenhistas para a Casa de Fabergé, assumiu o negócio do pai (1870), com 24 anos de idade. Seu irmão mais jovem, Agathon, também foi treinado como um joalheiro, uniu-se a ele em Dresde (1882), e a empresa iniciou seu período de sucesso mais brilhante. Eles ganharam reconhecimento rapidamente, ganhando a Medalha de Ouro (1882) numa exibição na Rússia onde a esposa de Czar Alexander III comprou um dos seus trabalhos. O grande prestígio dos Fabergé deveu-se principalmente à série incomparável dos Ovos de Páscoa Imperial, cerca de 56 (1884-1917). Dez destes ovos foram feitos para o Czar Alexander III como presentes para a czarina (1884-1894). Seu substituto Nicholas II comprou mais 44 ovos (1894-1918) para presentear sua mãe e sua esposa. Mais dois outros ovos só são conhecido por fotografias e apenas um salvou-se após a Revolução de outubro (1917). Com lojas em Moscou e São Petersburgo, fundou um seminário de artesãos em Moscou (1887) e, nos vinte anos seguintes, abriu lojas filiais em Odessa, Londres, Paris, Cannes, Roma e Kiev, onde empregava três centenas de artesãos, a maioria formada no seminário de capital dos czares. Viajava regularmente entre Paris, Cannes, Roma, Moscou etc, sem conseguir satisfazer demanda para suas luxuosas mercadorias. Recebeu a medalha de ouro da exposição Paris Universelle (1900) e até a Revolução, cerca de 37 anos, a Casa de Fabergé produziu cerca 150 mil peças, mostrando o domínio de várias técnicas de esmaltado e ouro de cores diferentes como o amarelo, branco, verde e vermelho. além de inventar tons sutis como laranja, cinzento e ouro azul. Atralado a Rússia imperial, durante o Primeira Guerra Mundial, a maioria dos artesãos da Fabergé trabalhou na fabricação de armamentos para o exército. Depois da Revolução bolchevique e o assassinato posterior da família imperial, fugiu (1918) com seus parentes para a Suíça, onde morreu dois anos depois.
Foto copiada do site The Faberge Experience: Art and History
http://users.vnet.net/schulman/Faberge/
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Páscoa muito chique
Os ovos de Fabergé, o joalheiro dos czares: o luxo e a tragédia na corte dos Romanov
PorThereza Pires
8/4/2004
Tradição da religião ortodoxa, a distribuição de ovos decorados como símbolo de esperança e vida renovada transformava a Páscoa na mais colorida celebração do calendário russo.
Na Páscoa de 1884, Peter Karl Fabergé - o joalheiro oficial da corte - recebeu uma encomenda especial: criar uma jóia para que o Czar Alexandre III presenteasse a Czarina Maria Feodorovna, no seu vigésimo aniversário de casamento.
Fabergé criou um ovo de ouro e pedras preciosas que foi entregue no Domingo festivo, como se fosse um simples embrulho. Para surpresa e deleite da Czarina havia dentro um ovo de ouro encimado pela miniatura, em diamantes, da coroa imperial (foto).
A partir de então Fabergé passou a receber a encomenda de um novo presente a cada ano, com a condição de que a peça fosse única e contivesse, no seu interior, uma surpresa inesquecível para a Imperatriz.
Com grande criatividade e talento técnico, Fabergé anualmente superava o desafio, buscando inspiração em fatos da vida do casal imperial.
O ovo Fabergé passou a ser cobiçado por toda a corte. Os motivos se tornaram temáticos: cenas da história da Rússia, a inauguração da estrada de ferro que ligava Moscou à Sibéria e atos de bravura dos militares.
Dez anos mais tarde, em outubro de 1894, com a morte súbita de Alexandre III, aconteceram - no curto intervalo de 25 dias - o casamento de seu herdeiro com a princesa alemã Alix de Hessen-Darmstadt e sua coroação, como Nicolau II.
Convicto adepto dos rituais, o novo Czar decidiu levar adiante o presente anual encomendando um ovo para sua mãe e um segundo, para a esposa, batizada na Catedral de São Fedor com o nome de Alexandra Fedorovna.
Assim foi concebido o "Ovo da Coroação" (foto) : em diamantes, rubis, platina, ouro e cristal de rocha. No interior, uma réplica da carruagem que transportou a Czarina pelas ruas de Moscou, durante as festividades.
Na exposição internacional de Paris, em 1900 os ovos foram mostrados ao público pela primeira vez. O juri, extasiado, distribuiu prêmios e honras.
A concepção criativa e a opulência na confecção ajudaram a difundir a fama das jóias Fabergé por toda a Europa.
A partir de 1906, a joalheria ampliou seus negócios e surgiram ateliers, supervisionados pelo próprio Fabergé, em Kiev, Moscou e Londres. Ali se produziam aparelhos de jantar e chá, objetos de decoração e objetos de uso pessoal: relógios, cigarreiras e isqueiros.
Nicolau gostava da pompa e dos rituais da vida militar, mas quando devia mostrar aptidão para seu papel histórico mostrava vacilação e suas atitudes contraditórias colaboraram para que uma firme oposição se desenvolvesse.
A famÌlia real se manteve ilhada na esfera doméstica, onde as decisões a serem tomadas eram bem mais simples.
Fabergé pesquisava os interesses dos Romanov, transformando os feitos importantes de suas vidas em presentes de Páscoa, para agradar e surpreender.
A cada ano os ovos da Páscoa Imperial ficavam mais extravagantes. Segundo o expert Géza von Habsburg "até hoje são o topo supremo, o apogeu do artesanato em jóias".
Todos os elementos importantes da saga dos Romanov estão presentes na elegância do ovo do 15o. aniversário (1911), um verdadeiro álbum de famÌlia. Detalhes dos mais notáveis feitos do reinado de Nicolau II e cada um de seus familiares - os cinco lindos filhos, o czar e a czarina.
A Primeira Guerra Mundial forçou a utilização - com mais frequência - de materiais semipreciosos. Naquele instante, a já indisfarável impopularidade do Czar foi congelada pela união em defesa da Rússia, mas a caótica administração e as condições econômicas catastróficas tornaram impossível o esforço de guerra que Nicolau II comandava.
Greves e boicotes, com multidões em busca de alimentos começaram a explodir em Moscou e São Petesburgo e até as tropas imperiais se juntaram ao povo descontente.
Os movimentos sociais, que culminaram na Revolução Russa, fizeram com que Fabergé decidisse pelo fechamento de seu atelier em 1916.
Sem o apoio da aristocracia, em 15 de Março de 1917, Nicolau abdicou.
No dia seguinte, um decreto do novo governo ordenou a prisão do Czar e de sua família, que foram enviados à Sibéria.
Em 17 de julho de 1918, Nicolau, Alexandra e seus cinco filhos - Olga, Tatiana, Maria, Anastasia e Alexei - foram executados.
Da família apenas a rainha mãe, Imperatriz Maria Fedorovna, escapou da fúria assassina. Ao fugir para a Inglaterra, a bordo do navio Marlborough, levou o ovo da Ordem de São Jorge (foto), o último que recebeu de seu filho, o Czar de todas as Rússias.
O Ovo da Cruz de São Jorge foi feito em prata e esmalte, no lugar de ouro e diamantes, para homenagear Nicolau II pela bravura à frente do exército russo, durante a 1a. Guerra Mundial.
Logo após a revolução, os bens dos Romanov foram confiscados pelos bolcheviques.
A maioria dos Ovos Fabergé foi inventariada, empacotada e enviada ao Kremlin. Muitos desapareceram durante a pilhagem ocorrida nos palácios.
Ligados à decadência do Império Russo, os Ovos Fabergé tiveram seus preços, inicialmente, desvalorizados.
O filho de Fabergé, Agathon, foi preso pelos revolucionários, mas conseguiu negociar uma anistia para avaliar as jóias e pedras preciosas confiscadas.
Exilado em Lausanne, na Suiça, Peter Karl Fabergé morreu em 1920.
O advento do regime comunista não significou o final da lenda. Ao contrário, agregando a aura da tragédia, estes tesouros se transformaram em peças disputadíssimas por colecionadores, atingindo valores astronômicos no mercado internacional.
De acordo com estimativas, entre 1884 e 1916, teriam sido confeccionados 56 ovos para a corte imperial. Até 1998, haviam sido localizados 44 destes exemplares
Em 2002, o noticiário internacional dava conta que um ovo Imperial foi arrematado num leilão da Christie's, por 9,6 milhões de dólares.
Atualmente, são cidadãos americanos os 5 maiores colecionadores das jóias e ovos Fabergé: Matilda Geddings Gray, Lillian Thomas Pratt, Marjorie Merriweather Post, India Early Minshall e Malcolm S. Forbes.
Uma luxuriante exposição no Museu de Artes Decorativas em Paris, mostrou ao mundo, para fechar o século XX, toda a opulência da Russia dos Czares.
Ainda hoje, a Casa Fabergé produz séries limitadas de ovos em cristal, com lapidação reproduzindo desenhos dos originais do século XIX e início do século XX.
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