História da Arte |
Amedeo Modigliani
Boêmio por natureza, Amedeo Modigliani vivia pelos cafés de Paris declamando versos de Dante Alighiere (Divina Comédia) e fazendo retratos rápidos das pessoas presentes, em troca de dinheiro ou de bebida. Por um copo de vinho era possível, naquela época, ter-se um trabalho desse artista cujas obras hoje são extremamente valorizadas. Modigliani bebia compulsivamente e descontroladamente, alem de consumir haxixe. As drogas, a vida miserável e a tuberculose uniram-se para ceifar sua vida precocemente, aos 36 anos de idade. Morreu logo depois de concluir mais um retrato de sua musa principal, Jeanne Hebuterne, com quem casou e teve uma filha. Ela estava grávida de nove meses do que seria o segundo filho mas pulou do quinto andar de um prédio, um dia depois da morte do artista, matando a si e ao menino, encerrando assim uma vida dramática e confusa do casal.
Esculturas em pedra e lápis sobre papel - sempre figuras alongadas
Modigliani era um jovem bonito e talentoso, nascido de uma rica família judia e recebeu boa educação. Sua vida miserável aconteceu somente na fase adulta, quando desgarrou-se do ambiente familiar para viver uma vida de artista e de bebidas e drogas. Ainda jovem, recebendo os cuidados da mãe, teve tifo e isso o prejudicou durante toda a existência. Jamais teve boa saúde e a vida de pobreza, onde faltava comida freqüentemente mas não faltava bebida, acabou por destruí-lo. Modigliani nasceu em Livorno, na Itália, no ano de 1884. Começou seus estudos de arte clássica e renascentista ainda em sua cidade natal e depois ganhou mundo. Morreu em Paris, onde chegou com apenas 22 anos. Contava somente 36 anos quando faleceu.
Chegou em Paris para ser escultor. Já pintava e desenhava mas por influência de Constantin Brancusi, tornou-se escultor. Passou um longo tempo longe da pintura, trabalhando diretamente na rocha e isso devia lhe trazer dificuldades pois era uma pessoa de pouca resistência. O trabalho de artista tem lá as suas dificuldades e naquela época, esculpir diretamente na rocha, era trabalho duro e que consumia grande quantidade de energia. Ainda hoje é assim, apesar de se contar com ferramentas modernas que facilitam o trabalho. Suas esculturas identificam-se bem com suas telas, no estilo expressionista e nas proporções que emprestava as figuras humanas, o seu tema praticamente único.
Nus femininos - tema preferido que rendeu um escândalo
Amedeu Modigliani recebeu muitas influências de artistas da época, como Picasso, Lautrec, Cézanne e Brancusi. Era um admirador das esculturas africanas e da clássica arte grega. Misturando tudo isso com o seu temperamento desregrado e boêmio, o artista produziu uma obra cheia de sensualidade e beleza. Quando deixou a escultura porque não podia mais comprar o material necessário, passou a pintar quase exclusivamente nus femininos. A sensualidade é uma marca registrada, mais pela sensação de movimento e pelo alongamento das formas do que por qualquer outro artifício ou pelo retrato claro do corpo feminino.
Retratos - sensualidade insinuada
Em 1917, um amigo conseguiu para Amedeo Modigliani uma exposição individual em uma das mais importantes galerias francesas na época. Parecia que a sorte iria mudar e que aquilo poderia ser um impulso rumo a um destino diferente mas não foi o que aconteceu. A exposição durou apenas um dia pois os nus expostos nas vitrines da galeria provocaram um grande escândalo, obrigando a direção a cancelar a mostra dos trabalhos. As finanças de Modigliani estavam arrasadas e continuariam assim até o final de sua vida. Artistas famosos e valorizados nos dias de hoje, como van Gogh, por exemplo, sofreram freqüentemente essa privação durante a vida.
No tempo em que viveu Modigliani o mundo era tomado por muitos movimentos que revolucionaram a arte, como o fauvismo, futurismo, cubismo, dadaismo e outros mais. Todos os olhos voltavam-se para a Europa, como centro do mundo civilizado e culto e dentro da Europa, A França, e Paris em especial, exerciam o brilho e o fascínio como centro da cultura e da arte. Todos os artistas desejavam viver em Paris mas nem sempre essa era uma boa opção na realidade da vida. Provavelmente Amedeu Modigliani teria sido mais feliz se tivesse permanecido na sua Itália. Talvez houvesse conseguido fugir das drogas e tivesse vivido por um período mais longo, produzindo sua arte de figuras alongadas e sensuais. Mas também é possível que nunca tivéssemos ouvido falar dele se assim fosse. No mundo do talvez, todas as coisas são possíveis.
A perspectiva sob a qual Amedeu Modigliani olhou o mundo é uma peculiaridade. A deformação que produziu na realidade mostra uma beleza rara e especial. Através do alongamento das linhas o artista criou uma personalidade própria para seus personagens. A mulher de sua vida, Jeanne Hebuterne, com quem teve uma filha, foi sua musa principal. O último quadro que fez dela poucos dias antes de morrer consumido pelas drogas e pela tuberculose, foi vendido recentemente em Londres, por quase 6 milhões de dólares. Em vida, Modigliani jamais sonharia com algo assim. Agora, isso não lhe adianta mais.
Recentemente recebi de Mavy Lima uma releitura de Modigliani, que está ocupando lugar de honra em minha parede. Diariamente cumprimento a figura que está ali e vocês podem duvidar, mas converso com ela. Não tem o valor financeiro de um Modigliani mas tem um enorme valor para mim e escrevi sobre isso uma matéria especial. Releitura é uma coisa muito poderosa no mundo das artes e grandes mestres fizeram isso. Há também em CyberArtes um APRENDA MAIS sobre releitura que vale a pena dar uma olhada e ver como é um assunto importante.
Imagem 1 e 2:Inclinações, movimentos, posturas - marca registrada de uma visão diferente
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