Biografia |
Foi na década de setenta que Tunico Lages resolveu deixar a economia e o mercado de capitais para se entregar a uma nova profissão. Ele sonhou "numa noite de verão" que era um menino e observava o marceneiro de sua terra trabalhar a cumeeira da igreja com uma ferramenta chamada enxó. Interpretou, num lampejo intuitivo, que o sonho era a indicação de um novo caminho. Comprou máquinas e pôs-se a labutar.
A nova investida abriu-lhe perspectivas estimulantes. Progressivamente sua criatividade ia sendo aguçada e peças inusitadas foram produzidas. Aprendeu a resgatar lembranças de sua história pessoal e coletiva, projetando-as nas linhas de seu design, numa conexão com as influências de seu tempo. Hoje, há mais de 30 anos do sonho revelador, Tunico ainda insiste na proposta de um móvel artesanal, bem construído, que proporcione prazer estético e funcionalidade. Vide suas cadeiras, bancos e chaises que chegam a ser terapêuticas, pelo conforto e ergonomia engendrados.
Trabalha com marceneiros, artesãos e escultores, parceiros imprescindíveis para uma representação mais satisfatória de cada produto. A matéria -prima utilizada vem aqui do cerrado.
Ele faz um garimpo `a procura de madeiras mortas, caídas ou que já estejam serradas há muito tempo. Também se beneficia daquelas disponibilizadas por represas de Goiás.
O angico por exemplo que é vermelho, rajado, preto e pouco utilizado na movelaria tem agraciado corações através de suas cores, texturas e formas, com as quais o designer tem sabido brincar.
Nessa mistura de madeiras, desenhos, tunicos, etc... não pode faltar a figura daquele que aprecia, pois é para ele que a criação se dirige. Acontece que muitos se emocionam ao se depararem com o trabalho que tem o poder de reconectá-los com as suas origens já esquecidas.
Dessa maneira, o mineiro do Vale do Jequitinhonha nos oferece uma leitura bastante caprichosa de aspectos primevos da alma brasileira.
Aspectos esses que dialogam com outras almas, de outras terras, numa linguagem universal e simbólica, na tentativa de romper as fronteiras físicas do tempo e do espaço.
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