Siron Franco (1947)

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Artista Siron Franco (1947)
Biografia Gessiron Alves Franco - Gesiron Alves Franco - Siron Franco

Biografia

Goiás Velho/GO, Brasil, 25/07/1947

Pintor, desenhista, gravador, escultor e ceramista. Assina SIRON.

Gessiron Alves Franco (Goiás Velho GO 1947). Pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte. Muda-se para Goiânia em 1950, onde estuda pintura com D. J. Oliveira e Cleber Gouvêa, em 1960, ano em que também é aluno-ouvinte da Escola de Belas Artes da Universidade Católica de Goiânia. Entre 1969 e 1971, freqüenta os ateliês de Bernardo Cid e Walter Levy, em São Paulo, integrando o grupo que faz a exposição Surrealismo e Arte Fantástica, na Galeria Seta. Em 1975, com o prêmio viagem ao exterior, reside entre capitais européias e o Brasil. Em 1979, inicia o Projeto Ver-A-Cidade, realizando diversas interferências no espaço urbano de Goiânia. Entre 1985 e 1987, faz direção de arte para documentários de televisão como Xingu, concebido por Washington Novaes, premiado com medalha de ouro no Festival Internacional de Televisão de Seul. Desde 1986, realiza monumentos públicos, baseados na realidade social do país. Entre 1992 e 1997, ilustra vários livros, como O Desafio do Branco, de Antonio Carlos Osório, O Forasteiro, de Walmir Ayala, e Contos que Valem uma Fábula: História de Animais Animados, de Katia Canton, entre outros.
-Atualizado em 29/08/2006

1947 - Nascia, em 25 de julho desse ano, Gessiron Alves Franco (Siron Franco), em Goiás Velho (antiga capital do Estado de Goiás, anteriormente chamada Vila Boa). Foi o mais moço dos dez filhos de Constâncio Altino Franco, trabalhador rural que havia adotado a profissão de barbeiro, e sua mulher Semíramis França Franco.

1950 - Em 16 de janeiro, os Franco mudaram-se definitivamente para Goiânia. Os dois irmãos mais velhos de Siron, lá radicados há alguns meses, haviam ido antes para preparar as acomodações para a família. Os três primeiros meses foram passados no Bairro Campinas. Algum tempo depois, mudaram-se todos para o Bairro Popular, numa zona de classe média baixa, onde Siron iria viver os próximos vinte anos de sua vida. Foi justamente nessa localidade onde se deu o desastre com o Césio-137, em 1987.

1954 - Siron começou seus estudos primários no Grupo Escolar Modelo, uma escola pública destinada à classe trabalhadora, onde os professores eram instruídos para ministrar apenas o básico: ler e escrever.

1957 - Aos sete anos, Siron dividia seu tempo entre o pai, a quem ajudava numa padaria onde se achava então empregado, e a mãe, cujos pastéis vendia no estádio de futebol da cidade.

1959 - A primeira obra conhecida de Siron data deste ano. Em Goiânia, as pessoas de classe média costumavam decorar as paredes de suas casas com reproduções ruins e baratas dos mestres europeus - da Renascença ao Impressionismo. Possivelmente teriam sido estas reproduções o primeiro contato que Siron teve com as artes visuais. Na casa de seus pais havia, por exemplo, uma reproduçãos da Última Ceia de Leonardo Da Vinci. Em 1959, durante uma curta viagem feita pelos pais, Siron pintou a Última Ceia numa das paredes da casa. O curioso aqui é que os apóstolos foram mostrados de pé. Apesar de sua mãe não ter gostado do tratamento dado ao tema esta obra só iria desaparecer em 1964, quando a casa foi demolida.

1960 - Siron passa a trabalhar com office-boy no Banco da Lavoura. Sua única tarefa era a de entregar a correspondência do banco. Mas ele fugia dos trabalhos idiotas tanto quanto antes, fugia da escola. Como resultado de sua ineficiência foi demitido. Nesse mesmo ano, começa a frequentar o Estúdio ao Ar Livre, supervisionado por dois pintores locais, D.J. Oliveira e Cleber Gouvêa. Tanto Oliveira como Gouvêa permitiram que o jovem Siron tivesse acesso a um material que ele não tinha condições de obter: tinta, pincéis, telas. É provável que houvesse sido no Estúdio ao Ar Livre onde pela primeira vez encontrou o pintor Confaloni, frade que fundou a primeira escola de Belas Artes em Goiânia, transformada, mais tarde, em departamento da Universidade Católica do Estado. Confaloni foi o primeiro mentor do artista, proporcionando um local de trabalho e o material necessário, apresentando-o a colecionadores locais e pondo-o a par dos diversos salões existentes que, na verdade, eram praticamente a única coisa com que os pintores brasileiros podiam contar na década de 60.

1961 - Siron começa a trabalhar num novo emprego, outra vez como office-boy, agora numa editora. O emprego proporcionava-lhe uma coisa ainda cara para ele: o papel.

1962 - Sem emprego fixo e estabilidade financeira, Siron aprende sozinho a dominar a técnica do desenho e, de forma já não tão auto-didata, a da pintura. O seu método ? O da observação e experimentação. Com muita dificuldade, começa a manter-se como retratista. O retrato a óleo foi, sem dúvida, a primeira atividade formal de Siron como artista, e a que, em parte, lhe garantia o sustento. Até hoje ele domina a técnica do retrato, embora raramente faça uso dela.

1967 - Pinta a mulher do Governador de Goiás. Com este trabalho sua reputação de retratista cresce e, a partir daí, realiza diversas viagens a Brasília para retratar as figuras da alta sociedade. Antes de participar de qualquer coletiva, Siron faz uma exposição individual de desenhos, no Hotel Bandeirante.

1968 - Expôs três obras aceitas na Segunda Bienal da Bahia: Cavalo de Tróia, Fim de todos e Morte aos Primogênitos. Na noite de abertura, entretanto, a Bienal inteira foi fechada pelo regime militar. Duas das obras foram destruídas, sobrevivendo apenas o Cavalo de Tróia que recebeu o Prêmio de Aquisição. O fato de ter participado de uma Bienal, e sobretudo de ter sido premiado, foi um incentivo para que ele, artista destituído de qualquer formação escolar, tentasse outras mostras de maior expressão, como a Bienal de São Paulo.

1969 - Segunda exposição de Siron na Fundação Cultural em Brasília, onde expôs desenhos e pinturas. Embora já estivesse despontando como artista , Siron, para poder manter-se, continuava ainda aceitando encomendas para pintar retratos, quadros sacros e, mais especialmente madonas, que ficariam presentes em seu trabalho até o final dos anos 70.

1970 - Em 23 de março, Siron casa-se com Goiaci Milhomen e, neste mesmo dia, o jovem casal seguiu para São Paulo, onde nasce o primeiro filho de Siron, Andre Milhomen Franco no dia dois de setembro. Conhece o MASP e, pela segunda vez, participa de uma coletiva, integrando o grupo que realiza a exposição "Surrealimo e arte Fantástica" , na Galeria Seta em São Paulo, onde apresenta as obras Eros e Tánatos.

1971 - Siron volta com sua família para Goiânia. Lá, prepara trinta telas que envia ao Iate Clube, onde faz sua primeira exibição individual no Rio de Janeiro. Apesar de não ser mais a capital do Brasil, o Rio de Janeiro ainda continua a ser o mais importante centro cultural do país.

1972 - Nasce em 26 de julho Erika Milhomen Franco, Segunda dos filhos de Siron. Exposição Individual na Galeria Porta do Sol em Brasília. Em Novembro, mostra 42 obras no Iate Clube do Rio de Janeiro. A exposição, ainda ao estilo "Era das Máquinas" , não foi bem recebida pela crítica nem pelos sócios do clube. Por essa ocasião, as obras de Siron tiveram um grande defensor em Walmir Ayala, crítico de arte já falecido, editor da seção de arte do Jornal do Brasil. Em seu artigo "O Pesadelo Tecnológico", escreveu ele: "A cibernética, o sonho tecnológico, são as forças motrizes do maduro surrealismo de Siron, que tem em Bosch e na pintura flamenga como entre Deus e sua criação, a semelhança foi sendo desfocada por este poderoso artista goiano e o Bosch se viu ampliado e sertanejamente interpretado" .

Ayala não só ficou apenas na defesa da obra de Siron, ele também conseguiu arranjar-lhe uma exposição individual que inauguraria, meses mais tarde, uma nova galeria no Rio de Janeiro.

1973 - Nova exposição individual de Siron na galeria Guignard em Porto Alegre. Em 20 de agosto, Siron inaugura exposndo sozinho a Galeria Intercontinental no Rio de Janeiro. Foi durante esta exposição que as obras de Siron se viram mais uma vez descobertas por outra figura-chave em sua carreira: o crítico de arte Jayme Mauricio, responsável pela seção cultural do Correio da Manhã. Em recente entrevista o artista declarava: "Jayme Maurício falou-me de coisas que nunca havia ouvido e sobre as quais nunca havia pensado. Por exemplo, falou-me de José Luis Cuevas. Quando vi seus desenhos (de Cuevas) percebi que eram muito parecidos com os meus..."

Siron foi convidado para participar do Primeiro Salão Global da Primavera em Brasília. Recebeu o Prêmio de Viagem, que consistia de uma permanência de seis meses no México. Seria a primeira vez que deixaria o Brasil.

1974 - Volta de Siron do México. Nascimento de seu terceiro filho, Jean Milhomen Franco, em 15 de julho. Seus trabalhos foram admitidos na 12a Bienal Internacional de São Paulo e Siron saiu-se vencedor entre 145 concorrentes, ganhando um prêmio no valor de mil dólares além de ser eleito o melhor pintor do ano e o único representante brasileiro na 13a Bienal Internacional de São Paulo.

Participou do 23 Salão de Arte Moderna no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de janeiro, recebendo o Prêmio de Isenção do Juri. Participou ainda de duas exposições xcoletivas: a de artistas brasileiros, realizada no Museu Nacional de Osaka, Japão (esta, a sua primeira mostra em país estrangeiro), e a que foi montada na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro. Houve ainda duas outras pequenas mostras em que se apresentou sozinho: na galeria LBP em Goiânia e na Petite Galerie no Rio de Janeiro.

1975 - Como estava isento de julgamento, Siron apresentou no mês de maio três obras para serem expostas no 24o Salão de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Museu Nacional de Belas Artes: A rainha, O espelho e O Limite do Sistema. O quadro A rainha valeu-lhe o Prêmio de Viagem, correspondente a uma estadia de dois anos num país estrangeiro de sua escolha e uma bolsa no valor de US$ 500 mensais. Na ocasião tal prêmio constituia a mais alta honraria a que poderia almejar um artista brasileiro. Este quadro foi adquirido pelo Museu Nacional de belas Artes onde ainda se acha exposto.

Exposição individual na Galeria Cosme Velho, em Sâo Paulo, de 23 obras, durante o mês de junho. Outra exposição individual na Galeria Oscar Seráphico, em Brasília, pouco antes de julho.

Em novembro, já designado para representar o Brasil na 13a Bienal Internacional de São Paulo, recebeu o prêmio Internacional da Fundação, no valor de US$ 3,000. Aos 28 anos, Siron já havia recebido os mais importantes prêmios do país.

1976 - Siron partiu para a Europa onde se esperava que permanecesse dois anos. No entanto, voltou ao Brasil duas vezes para atender compromissos profissionais. Em janeiro, ocorre a Segunda exposição individual do artista na Petite Galerie. Nesse mesmo ano, Siron realiza outra exposição individual na Oficina de Arte em Porto Alegre.

1977 - Participa da exposição itinerante intitulada "Brasil e sua arte Contemporânea" , que percorre várias embaixadas brasileiras na Europa. Excepcionalmente, sua segunda exposição individual em Goiânia recebe o nome de "Siron expõe arte sacra" .

1978 - Primeira exposição individual na Galeria Bonino, em agosto. Sua proprietária já falecida, Geovana Bonino, estava entre os mais respeitados marchands dart do país. Sua galeria ficou conhecida por apenas negociar com artistas brasileiros de nome; portanto um convite altamente significativo que só faria aumentar o prestígio profissional do artista. Siron expôs, ali, 34 obras, algumas pintadas na Espanha e outras em Goiás. Siron faria, neste ano, duas outras exposições individuais: uma na Galeria Casa Grande, em Goiânia, onde ele, até o momento, só havia exposto desenhos, e outra na Fundação Cultural de Brasília.

1979 - Morre de nefrite Constâncio Altino Franco, pai de Siron, em 12 de outubro. Vítima de uma operação mal sucedida, morre Semíramis França Franco, mãe de Siron, em 4 de novembro.

Siron é novamente convidado para representar o Brasil na 15a Bienal Internacional de São Paulo. O diretor do MASP, na ocasião, o Sr. Bardi, adquire toda a exposição. Siron realizaria ainda duas outras exposições: uma coletiva, " Figuração Referencial" , montada em Belo Horizonte durante o 11o Salão de Arte, e outra individual na Galeria Casa Grande em Goiás.

1980 - Em julho, a mostra coletiva itinerante "Hilton painting highlights" começa por Brasília e viaja em seguida para os Museus de Arte Moderna de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Siron, que se apresentou com três obras, ganha o prêmio de melhor pintor do ano. Uma das obras, Situação número três, seria comprada pelo Museu. Também participa da Mostra "Vinte Pintores Brasileiros" .

A partir de 1980, a cor começou a ser a força motriz das obras de Siron. Da aliança com uma rica e densa imagística resultou a combinação que se tornaria imbatível. Em dezembro, Siron expôs 37 telas, intituladas Semelhantes, cujas dimensões eram, para os padrões brasileiros, muito avantajadas. Algumas das obras haviam recebido número e título, outras apenas números. Formavam em seu conjunto a série denominada Semelhantes. "...São telas muito grandes, realmente usando cores violentas e que, como um conjunto uniforme, apresentam todo o repertório de seu criador. É como se fosse um leque, com tidas as nuanças emocionais que Siron gosta de trabalhar. Ele já usou seres fantásticos, animais do planalto goiano, figuras humanas e situações da vida real para executar montagens de grande força dramática" , escreveria Casimiro Xavier de Mendonça em artigo intitulado "Leque Emocional".

Considerada por muitos como a melhor exposição já feita por Siron, a série Semelhantes, sem dúvida, foi um momento decisivo na carreira do artista. Os detalhes sombrios e bastante intrincados, contrastando com cores estridentes, assinalam tanto sua trajetória passada como os caminhos futuros que viria a seguir.

Depois de sair do MASP a série foi exposta na Fundação Cultural do Estado da Bahia, em Salvador. Seria esta a primeira exposição de Siron no Nordeste do país.

1981 - Siron foi convidado para representar o Brasil na 4a Bienal de Medellin, na Colombia, bem como na 5a Bienal de Valparaíso, Chile. Tanto para uma como para a outra enviou quadros da série Semelhantes. Exposições coletivas: "Dez Artistas Brasileiros", Museu de Arte Moderna Bogotá e São Paulo; " Arte Contemporânea latino-americana e japonesa", Museu de Arte Moderna de Osaka, Japão; "Arte Goiás 19", Galeria Prestes Maia, São Paulo; e " Pablo, Pablo", nos Museus de Arte Moderna de São Paulo e Rio de Janeiro. Esta última exposição comemorava o centenário do nascimento de Picasso. Exposições individuais: Galeria Ranulpho, em Recife; Galeria Salamandra, em Porto Alegre; e Galeria Casa Grande, em Goiânia.

Foi no começo dos anos 80 que as "peles" começam claramente a surgir nas telas de Siron, na forma de golas e punhos, chapéus, estolas e mesmo como fundo. As telas eram timidamente invadidas por manchas de leopardo, uma característica ainda adormecida que, dentro de uma década, explodiria com toda a força.

1982 - Durante o primeiro semestre, exposição individual de óleo sobre colagem na galeria Casa Grande, em Goiânia. Em outubro, a exposição individual na Galeria Bonino, no Rio de Janeiro, segunda neste espaço, valeu-lhe o prêmio Mario Pedrosa, destinado à melhor exposição do ano.

1983 - Duas exposições coletivas: "Panorama da arte brasileira contemporânea", no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC), e " Artistas brasileiros contemporâneos", no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Três exposições individuais: na galeria Ranulpho em Recife, na Bolsa de Arte, em Porto Alegre, e na Ida e Anita Galerias de Arte, em Curitiba. Foi, junto com outros artistas convidado a participar do projeto " Arte na Rua" promovido pelo MAC.

1984 - Participou de seis exposições coletivas: "A Pintura brasileira atuante", no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; "A Cor e o Desenho do Brasil ", exposição itinerante que percorreu vários países europeus; "Tradição e ruptura - síntese da arte e cultura brasileira", na Fundação da Bienal de São Paulo; "Pequenos Formatos", na Galeria Paulo Figueiredo, em São Paulo; em conjunto com Antonio Henrique Amaral, realizou uma expsição no National Art Centre. Siron foi convidado para representar o Brasil na 4a Bienal Ibero-americana de Auto-retratos, na cidade do México. Coube-lhe o prêmio de melhor obra. Em novembro, realiza a exposição individual "Os recentes trabalhos de Siron", na Galeria Paulo Figueiredo.

1985 - Participa de cinco exposições coletivas: "A arte de hoje no Brasil", no Museu Hara de Arte Contemporânea, em Tóquio; "Expressionismo Brasil - herança e afinidades", na Bienal Internacional de São Paulo; "Destaques da arte contemporânea brasileira", no Museu de Arte Moderna de São Paulo; "Sete pintores de arte contemporânea", na Galeria Portal, em São Paulo; e "Brasilidade e Independência", no Teatro Nacional de Brasilia. Duas outras exposições aconteceriam neste ano, uma no Escritório de Arte, Salvador, e outra em Maceió, na Karandash Arte Contemporânea.

Em 7 de julho nasce Nina Rattis Franco, a quarta dos filhos de Siron e a primeira com sua Segunda mulher, Rosana. Na qualidade de diretor artístico, Siron dirige o documentário para televisão Xingu, concebido por Washington Novaes, escritor e amigo íntimo do pintor. O filme foi premiado com uma medalha de ouro no Festival Mundial de Televisão e exibido na Bienal de Veneza.

1986 - Foi convidado para representar o Brasil na 2a Bienal de Havana. Participou ainda de três esposições coletivas: "Urbs", na Galeria montesanti, no Rio de Janeiro; "O Futebol-arte do Brasil ", uma exposição itinerante que partiu de São Paulo e viajou por diversas cidades mexicanas; "Primeira exposição de arte contemporânea Christian Dior ", no Paço Imperial, Rio de Janeiro. Nesse ano seriam realizadas também duas exposições individuais: a primeira na Galeria São Paulo e a segunda na hoje desaparecida Galeria Montesanti, em São Paulo, que tinha sucursais no Rio de Janeiro e em Recife.

A comunidade Bahai , radicada em Brasília, encomendou a Siron o primeiro monumento público que faria em sua vida. Baseado na frase de Bahâullahs , "a terra é um só país e os seres humanos os seus habitantes", Siron teve como idéia construir uma ampulheta gigantesca onde representantes de todos os países depositariam areia proveniente de todas as partes do mundo.

Como diretor artístico participou da realização do documentário televisivo Pantanal, de Washington Novaes. O programa foi transmitido pela Televisão Manchete e outra redes latino-americanas de televisão. Dispondo agora de maior liberdade financeira, fez por livre iniciativa uma instalação para ser exposta no platô governamental de Brasília. Consistia de sessenta antas trabalhadas em fibra de vidro que, pintadas de verde, amarelo e azul e vistas à distância, davam a ilusão da bandeira do Brasil. Seria esta a primeira das muitas interpretações que, no futuro, faria Siron da bandeira brasileira.

1987 - Siron transfere-se com a família para uma casa recém construída nos arredores de Goiânia, em Buriti Sereno. Já reverenciado pela imprensa e pelos marchands e diretores de museus, Siron pode então dar-se ao luxo de abandonar o circuito Rio - São Paulo.

Participa na qualidade de diretor artístico do documentário televisivo Kuarup, adeus ao chefe Malakuawa, de Washington Novaes.

Durante o segundo semestre, Siron participou de duas grandes exposições coletivas. A primeira, "A arte do fantástico", estrearia em 28 de junho no Indianapolis Museum of Art, para depois ser apresentada em The Queens Museum, em Nova York, e no Centre for Fine Arts, em Miami. A Segunda exposição, "A arte brasileira do século XX" também conhecida como "Modernidade", começou em dezembro no Museé d "Art Moderne de la Ville de Paris e encerrou-se no primeiro semestre do ano seguinte no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Além destas exposições, Siron participou no mesmo ano das mostras: "Rio-São Paulo-Paris", na Galeria Montesanti; "Mostra coletiva de artistas brasileiros" na Galeria Performance, no Rio de Janeiro; "Doze artistas Brasileiros" na galeria Anarte, em Salvador, e "Levante Centro-Oeste".

Em novembro, sucederia um trágico acidente no Bairro Popular em Goiânia. Uma cápsula de Césio-137, abandonada em um terreno baldio da Rua 57, foi inadvertidamente aberta. Sem saber de seu conteúdo algumas pessoas passaram pelo corpo aquela "substância mágica" que, à luz do dia tinha um brilho prateado e, à noite, uma fosforescência azul. Não só quatro pessoas morreram como também a radioatividade espalhou-se por todo o estado, inutilizando lavouras e rebanhos. Movido pelas terríveis cenas que deve Ter presenciado durante o caos e pela profunda afinidade que sempre teve com a terra natal e seus aspectos naturais, Siron produziu aquilo que na opinião de muitos é seu mais vigoroso trabalho, a "Série Césio", também referida como "Série da Rua 57". Foram 23 quadros pintados com terra de Goiânia, tinta automotiva prateada e tinta fosforescente azul. Fora essas obras havia guaches e quatro colunas.

Considerada como a Guernica brasileira pela crítica de arte Bélgica Rodriguez, a "Série Césio", tanto pela temática quanto pelo seu lado pictórico era demasiado brutal para ser aceita pelos usuais colecionadores. Além disso, o público não tinha como perceber todo o alcance contido naquele desastre e naquela significativa virada que Siron dava em sua carreira. À exceção de uma poucas, as obras da série continuam em poder do artista.

1988 - Duas mostras coletivas itinerantes: "Os ritmos e as formas - arte brasileira contemporânea", no SESC Pompéia, em São Paulo e Charlottenborg Exhibition Hall, em Copenhague; e "Brasil Já" , no Morsbroich Museum, em Leverkusen, Landesgirokasse Gallery, em Stuttgart e Sprengel Museum, Hannover. No intuito de fazer coincidir a mostra "Brasil Já" , então na Alemanha, com uma exposição individual sua nesse país, Siron expôs na Galerie Inger Baecker, em Colônia. Com o nome de "Siron Goiânia Brasil ", a exposição teve um catálogo completo de obras, prefaciado por Carlos von Schmidt, o mesmo organizador da mostra "Brasil Já".

Em São Paulo, o marchand Roberto Silveira promoveu uma exposição em sua nova galeria Companhia das Artes. Chamada "Siron Franco - pinturas e desenhos de 1975-1984." Exibição na TV Bandeirantes do documentário de uma hora de duração "Siron Franco, especial dirigido por Washington Novaes.

1989 - participa de três exposições coletivas: "O Surrealismo no Brasl", na Pinacoteca do Estado de São Paulo; "Goiás: un regard sur lart contemporain du Bresil", em Dijon; e a "Instrospective Contemporary Art by Americans and Brazilians of Africa Descent" (Arte Contemporânea introspectiva de americanos e brasileiros descendentes de africanos) no California Afro-American Museum, em Los Angeles, que divertiu muito oas amigos de Siron , pois ninguém sabia de suas origens africanas.

Por sugestão do crítico de arte João candido galvão, foi oferecida a Siron uma sala especial na 20a Bienal Internacional de São Paulo. Nela, ele criou uma instalação cujo fundo tinha a forma de uma bandeira brasileira feita de inúmeras cabeças de papier maché. O restante da sala, inclusive a parte superior da fachada era revestida por figuras com forma de cachorros e leopardos em argamassa pintada com padrões de peles de animais. No centro achava-se uma comprida pele de cobra pontilhada por manchas vermelhas.

De um certo mau gosto sofisticado, a instalação de Siron passou despercebida tanto do público como da imprensa. Igualmente despercebida passou a expoisção individual realizada na mesma época no subdistrito Comervial de Arte, uma nova galeria de São Paulo de propriedade do colecionador João Sattamini. Com o nome de curral, a exposição era formada por 13 enormes telas dispostas ao longo de uma estreita sala, parecendo um corredor. No fim deste achava-se uma cerca de metal. Dessa forma, as pessoas se sentiriam aprisionadas pelas muitas barras pintadas ao longo de cada uma das telas. O curral, pela ótica do artista, era uma alegoria sobre sua terra natal e pretendia expressar com seu estilo kitsch, seus caubóis, guitarras, chapéus de feltro e esporas, etc.Depois de São Paulo, O Curral seria exposto na Fundação Cultural , em Brasilia.

1990 - Participa de cinco exposições coletivas: "Místicos, sagrados e profanos", na Galeria Ranulpho em Recife; "Figuras e Fábula - 75 anos de arte na América latina", em Caracas; "Chicano e Latino", na Daniel Saxon Gallery, em Los Angeles; "Latin Art 90", na Anita Shapolsky, na cidade de Nova York; "Exposição de arte contemporânea Brasil-Japão", no MOA, em Tóquio, e no MASP, em São Paulo.

"peles - pinturas recentes" foi o título da exposição montada na galeria Montesanti, em 21 de junho. O catálogo da mostra contou com um pequeno prefácio escrito pelo próprio Siron: "Quando estou executando um trabalho, não estou com a intenção de passar conceitos políticos. Ao contrário, procuro, a cada dia, a cada instante, um processo de desaprendizagem, no sentido de me afastar dos conceitos preestabelecidos, para descobrir cada vez mais o que sinto: é um mergulho na ignorância. A pintura para mim é isso: cada quadro é uma viagem em que não se conhece a chegada. Eu nunca fiquei ligado às correntes, porque as correntes só prendem; por isso tenho o pensamento insubordinado. A insubordinação pode trazer o novo", escrevia o artista.

Em outubro, durante as comemorações do Dia da Criança, Siron novamente produziu, por iniciativa própria, uma instalação para ser montada no platô governamental de Brasília. O trabalho era formado por mil e vinte caixões infantis pintados de verde, amarelo e azul que, vistos à distância, reproduziam a bandeira do Brasil.

Durante este ano, a Secretaria de Cultura do Esatdo de São Paulo encomendou duas instalações para serem armadas em duas estações de metrô. Siron criou dua prisões onde havia pequenas janelas através das quais o público olhava e tinha uma visão de pictóricas cabeças deformadas.

1991 - Em maio, no SESC Pompéia, em São Paulo, Siron foi convidado para fazer uma instalação. Sua intenção era juntar dois tópicos controversos: a rápida destruição ecológica no Brasil e a corrida do ouro rumo a Serra Pelada. A instalação recebeu o nome de "A Flor da Terra"e ocupava um espaço de 920 metros quadrados. Esse ano, participa ainda de cinco exposições coletivas: "Viva Brasil viva" no Liljevalchs Museum, em Estocolmo; "Siron, Reynaldo e Scliar"na Galeria ranulpho em São Paulo; "perspective on the Present - Contemporary Paintings of Latin American an the Caribbean"no Nagoya City Art Museum, em Nagoya; "latin American Spectrum"na Elite Fine Arts Gallery, em Coral Gable e 21a Bienal Internacional de São Paulo, com a instalação Reflexo. Durante esse ano Siron realizou três exposições individuais: "Noites Brasileiras", em Campo Grande; "Siron Franco - Recent Paintings", na Elite Fine Arts Gallery, em Coral Gables, e "Rua 57", na Agência de Arte, em Porto Alegre.

1992 - Durante o final do ano anterior a comunidade indígena brasileira pediu a Siron que executasse um monumento para as nações indígenas. Com duas grandes exposições individuais marcadas para a segunda metade do ano, Siron, em menos de seis meses, levantou o dinheiro necessário, fez o plano da obra e construiu-a. Ao lado de sua casa e de seus estúdios, em Buriti Sereno, encontra-se o monumento erguido num terreno doado por Roberto Coimbra Bueno, colecionador e velho amigo do artista. Em seguida à inauguração do monumento, em 16 de junho, Siron, que lhe financiou a construção e que também respondia pelos custos de sua manutenção, doou-a à Fundação Xapuri, responsável por um complexo projeto de transformação da área em centro de estudos indígenas.

Simultaneamente à ECO 92, o congresso mundial realizado no Brasil para tratar de assuntos ecológicos, a comunidade Bahái, no mês de maio, inaugurava no Rio de janeiro a primeira réplica da gigantesca amupulheta de cimento criada por Siron.

O artista participar de sete exposições coletivas: "Imaquinaciones - dieciceis miradas al 92", organizada pela Comissão Nacional Esapnhola do Quinto Centenário do Descobrimento da América - mostra que percorreu através de outdoors as cidades do México, Nova York, Madrid e várias outras no Brasil; "Selbstendeckung", na Zurich Kunsthaus; "Eco Arte 92", no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; "Chicano e latino", na Kimberly Gallery, na cidade de Washington; "Lart Latin", durante o festival de Biarritz; e Cross Culture Currents in Contemporary Latin American Art"; esta última, organizada pela Latin American Arts Association, com sede em Londres, viajou para o Richard Wilson Art Centre, em Wales, para o College of Arts, em Edimburgh, e para a Canning House, em Londres.

Durante o segundo semestre, Siron realizou três exposições individuais: em junho, no Elite Fine Arts, em Coral Gables; em outubro, nas Elms Lesters Painting Rooms, em Londres; e em agosto, expôs, pela segunda vez, "Goiânia Rua 57", na OEA, em Buenos Airese também na Galeria Gazeta Mercantil, Brasilia.

1993 - Participa de duas exposições coletivas: "Searching for self-identity", na University of Essex Art Gallery e "A árvore de cada um", na galeria Montesanti, em São Paulo. Em agosto faz uma mostra individual na gaymu Inter Art Gallerie, em Paris e, em dezembro, para o Dia Internacional da AIDS, Siron criou um rosário de 80 metros de comprimento, que foi carregado em procissão por um numeroso grupo de pessoas pelo centro de Goiânia. No dia 13 do mesmo mês, com um quadro de Siron, Memória, como centro das atenções, a Universidade de Essex funda seu acervo de arte Latino-americana. A primeira do gênero na Europa.

1994 - Participa de oito exposições coletivas: "Cem anos de Arte Brasileira", no Museu Nacional de Belas- Artes, Rio de Janeiro; "Vida e Arte do Circo", na Pinacoteca do Estado, em São Paulo; "Arte Latinoamericano de los Noventa", no Art and Culture Centre of Hollywood; "Bienal Brasil Século XX", na Fundação Bienal de São Paulo; "América", no MASP; "Os novos viajantes", no SESC Pompéia, em São Paulo; "Para criança ver, tocar e transformar", na Pinacoteca do Estado, em São Paulo; "Paisagens", na Galeria São Paulo. Em julho , o artista é convidado a participar do prêmio MARCO, no Monterrey Museum of Contemporary Art. A obra enviada, um políptico intitulado Marcas na tela, passou a fazer parte do acervo do museu.

Além dessas, realizou três exposições individuais: em maio, na Durini Gallery, em Londres; em outubro e dezembro, "Siron Franco - pinturas recentes", montadas respectivamente na Bolsa de Arte, em Porto Alegre, e na Elie Fine Arts, em Coral Gables.

1998 - Em 15 de janeiro, Siron inaugura a exposição individual: Siron Franco Pinturas dos 70 aos 90, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro. Em março, a mostra segue para a Pinacoteca do Estado, em São Paulo.


Assina SIRON.
Fonte Itaú Cultural e Bolsa de Arte do Rio de Janeiro
Links http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_obras&cd_verbete=3344&cd_idioma=28555

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