Shirley Paes Leme

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Artista Shirley Paes Leme
Biografia Exposições Individuais
2005 "Pulsante" Galeria Espaço em Dobro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
2004 "Peso/Leveza" Intervenção Urbana, Santa Rita do Passa Quatro, MG, Brasil
2003 Desenhos e video, Galerie Jaspers, Munique, Alemanha
"Desenhos" , Galeria Bolsa de Arte, Porto Alegre, Brasil.
2002 "Desenhando o desenho do outro", Vídeo, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.
"Desenhos e Objetos". Referência Galeria de Arte, Brasilia, DF, Brasil
"Correndo o Risco". Galeria Baró Sena, São Paulo, SP, Brasil
2001 Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
2000 VII Bienal de La Habana. Instalação Lumen vaga Lumen, Cuba.
"Passos da Paixão". Instalação Interativa com Audio visual e Coral da Universidade Federal de Uberlândia, Museu Universitário de Arte, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
1999 Bienal do Mercosul - Porto Alegre, Brasil
"Memória". Galeria Kunsthaum, Berlim, Alemanha
"Desenhos". Galeria Barsikow, Barsikow, Alemanha
I" Fim de Festa" Vídeo instalação na Oficina Oswald de Andrade, São Paulo, Brasil.
"Objetos-Instalações". Pinacoteca da Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil.
1998 "Todo". Galerie Jaspers, Munique, Alemanha
"Shirley Paes Leme". Valú Ória Galeria de Arte, São Paulo, Brasil
"Pela Fresta". Galeria da Oficina Cultural, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
"São". Galeria Xico Stockinger e "Fogo Fel" Galeria Sotéro Cosme, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.
1997 "Desenhos e objetos". Galeria Kultur VortOrt, Berlim, Alemanha.
1996 "Deux Artistes Brasiliens". Galeria Debret, Paris, França
"Flame", Galeria do Baci, American Cultural Institute, Washington, EUA.
1995 "Transition". Fiberworks Gallery 2, Berkeley, Califórnia, EUA.
1994 "Nexus". Galeria CEMIG, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
1993 "Drawings and objects" Galeria Matrix, Sacramento, Califórnia, EUA
1992 "Esculturas e Objetos". Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil
1991 "Conexões". Galeria Sérgio Milliet e Espaço Alternativo, Projeto Macunaíma, IBAC - Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, Rio de Janeiro, RJ,Brasil
1990 "Instalação". Casa da Cultura de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
1989 "Esculturas". Casa de Idéias, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
"Caminhos de Memória". Instalação, Grande Galeria do Palácio das Artes, Belo Horizonte, Brasil.
1986 "Inside Out". Fiberworks Gallery, Berkeley, Califórnia, EUA.
1985 Matrix Gallery. Sacramento, USA. Departures. Fiberworks Gallery, Berkeley, California, USA.
1984 "Ritual Objects". Fiberworks Gallery, Berkeley, Califórnia, EUA.
1982 "Objetos " Centro de Artes de Campo Grande, Campo Grande, Mato Grosso, Brasil

Exposições Coletivas
2007 I Festival Internacional del Fuego, Museo Carmelo Fernandez, Venezuela
I Bienal del Fin del Mundo, Ushuaia, Argentina
2006 Black and White, Haim Chanin Fine Arts, New York, USA
Alejandra Von Hartz Gallery, Miami Beach, USA
Paralela a XXVII Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brasil
2005 5º Edição Bienal do Barro, Memorial da América Latina, São Paulo, Brasil
Still life - Natueza Morta, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.
2004 Paralela, São Paulo, Brasil
Still life - Natureza Morta, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Brasil.
Heterodoxia, Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis. Brasil.
II Bienal de Desenho Brasileiro Contemporâneo- Deslizamento e Distensões, Fundação Espaço Cultural da Paraíba, João Pessoa, Brasil
Exposição DNA, Galeria Arte em Dobro, Rio de Janeiro, Brasil.
2003 Exposição Interacidade, Galeria Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil.
Heterodoxia, Memorial da América Latina, São Paulo, Brasil.
Pluralidade, Museu de Arte Santa Catarina, Florianópolis, Brasil
The 8th international Shoebox Sculpture Ehxibition, University of Hawaii Art Gallery, Honolulu, Hawai,USA.
Shoe Box, Kaohsiung Museum of Fine Arts, Kaohsiung, Taiwan
Meus Amigos no Museu de Arte Moderna Villa Lobos, São Paulo, Brasil
2002 "Contemporáneos Brasileños" Centro de Arte Contemporâneo Wifredo Lam, Habana, Cuba.
"Nefelibatas", MAM, São Paulo, São Paulo, Brasil.
"Faxinal das Artes", Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Paraná, Brasil.
"Tangenciando Amilcar", Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil.
2001 Côte à Côte Arte Contemporain du Brésil, Musée dart contemporain de Bordeaux, França.
"São ou não São Gravuras?". MAM, São Paulo, Brasil.
"Arte Contemporáneo Brasileño" - Universidade Católica de Chile, Santiago, Chile.
"Bienal 50 anos". Uma Homenagem a Ciccillo Matarazzo, São Paulo, Brasil
2000 Cá Entre Nós. Paço das Artes, São Paulo, Brasil.
Brasil 500 Anos, Artes Visuais, Pavilhão da Bienal, Ibirapuera, São Paulo, Brasil
Brasilien in Barsikow, Galerie Barsikow, Alemanha.
Século XX: Arte do Brasil. Fundação Gulbenkian, Lisboa, Portugal
1999 Invisible Exhibition. Pezinok, Eslováquia
Território Expandido. SESC Pompéia, São Paulo, Brasil.
Receptáculos. Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Arte Brasileira em Berlim. Galerie KunstTRaum, Berlim, Alemanha
Extra-Small Extra-Large. Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil
II Bienal do Mercosul. Porto Alegre, Brasil.
1997 A Diversidade da Escultura Brasileira. Instituto Cultural Itaú, São Paulo, Brasil
Arte em espaço Publico., Bratislavia, Eslovenia
Die Anderen Modernen. Haus der kulturen der welt , Berlim, Alemanha.
1996 Quinze Artistas Brasileiros. Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil.
ORGANICUS. Galerie Drei, Dresden, Alemanha
1995 Espaço, Paço das Artes de São Paulo, Brasil
VIII Bienal da Polônia , Luts, Polonia.
1994 Pequenos Formatos Latino. Americanos, San Juan, Porto Rico.
1993 Brazilian Contemporary Art Project., Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Brasil.
IV Lausanne Biennial. a choice, Netherlands Textilmuseum, Tilburg, Holanda
1992 Brazilian Contemporary Art Project. IBAC, Rio de Janeiro, Brasil.
1991 Escultura, Amílcar de Castro e Shirley Paes Leme. Biblioteca do Campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG, Brasil
1990 Gente de Fibra. SESC Pompéia, São Paulo, Brasil.
1987 Sculpture. Fiberworks Gallery, Berkeley, California, USA.
1986 Landscape Unusual Vantages, San Francisco Art Comission Galery, San Francisco Califórnia, USA.

Prêmios
1999 Artista em Residência Künsthaus Bethanien, Berlim, Alemanha
1993 Fapemig, Belo Horizonte, Brasil
1992 Prêmio Brasília de Artes Plásticas, Brasilia, DF, Brasil
1991 Prêmio XVI Salão de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP,Brasil
1989 Prêmio IV Salão Nello Nuno, Belo Horizonte, MG, Brasil
Prêmio X Salão de Arte de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG, Brasil
1986 Prêmio San Francisco Arts Comission Gallery, San Francisco, USA.



fonte : Nara Roesler em set/2007


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Shirley Paes Leme (Cachoeira Dourada, GO, 1955). Vive e trabalha em São Paulo.

Escultora, gravadora e desenhista. Inicia sua formação artística em 1975, quando ingressa no curso de Belas Artes da UFMG, onde é aluna de Amilcar de Castro. Entre 1984 e 1986 viaja para California, nos EUA, estudando na Universidade do Arizona e no Instituto de Arte de São Francisco em 1983, na Universidade de Berkeley em 1985, e faz estágio no University Art Museum. No ano seguinte, obtém o título Master of Fine Arts na J. F. Kennedy University, em Berkeley. Em 1989, inicia sua carreira docente, lecionando na Universidade Federal de Uberlândia.


Exposições individuais

2009
Heterotopias Cotidianas, Dragão do Mar, Fortaleza, Brasil
Horas, Galeria da Faculdade de Artes Visuais, Universidade Federal de Goiânia, Brasil
Intervenção Urbana cem/sem zero, Porto Alegre, Brasil

2007
Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil

2005
Pulsante, Galeria Espaço em Dobro, Rio de Janeiro, Brasil

2004
Peso/Leveza Intervenção Urbana, Santa Rita do Passa Quatro, Brasil

2003
Desenhos e video, Galerie Jaspers, Munich, Alemanha
Desenhos, Galeria Bolsa de Arte, Porto Alegre, Brasil

2002
Desenhando o desenho do outro, Vídeo, Florianópolis, Brasil
Desenhos e Objetos, Referência Galeria de Arte, Brasilia, Brasil
Correndo o Risco, Galeria Baró Sena, São Paulo, Brasil

2001
Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte, Brasil

2000
VII Bienal de La Habana, Instalação Lumen vaga Lumen, Cuba
Passos da Paixão, Instalação Interativa com Audio visual e Coral da Universidade Federal de Uberlândia, Museu Universitário de Arte, Uberlândia, Brasil

1999
Bienal do MERCOSUL, Porto Alegre, Brasil
Memória, Galeria Kunsthaum, Berlim, Alemanha
Desenhos, Galeria Barsikow, Barsikow, Alemanha
Fim de Festa, Vídeo instalação na Oficina Oswald de Andrade, São Paulo, Brasil
Objetos-Instalações, Pinacoteca da Universidade Federal de Viçosa, Brasil

1998
Todo, Galerie Jaspers, Munich, Alemanha
Shirley Paes Leme, Valú Ória Galeria de Arte, São Paulo, Brasil
Pela Fresta, Galeria da Oficina Cultural, Uberlândia, Brasil
São, Galeria Xico Stockinger e Fogo Fel, Galeria Sotéro Cosme, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

1997
Desenhos e objetos, Galeria Kultur VortOrt, Berlim, Alemanha

1996
Deux Artistes Brasiliens, Galeria Debret, Paris, França
Flame, Galeria do Baci, American Cultural Institute, Washington, EUA

1995
Transition, Fiberworks Gallery 2, Berkeley, Califórnia, EUA

1994
Nexus, Galeria CEMIG, Belo Horizonte, Brasil

1993
Drawings and objects, Galeria Matrix, Sacramento, Califórnia, EUA

1992
Esculturas e Objetos, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil

1991
Conexões, Galeria Sérgio Milliet e Espaço Alternativo, Projeto Macunaíma,
IBAC - Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, Rio de Janeiro, Brasil

1990
Instalação, Casa da Cultura de Uberlândia, Uberlândia, Brasil

1989
Esculturas, Casa de Idéias, Uberlândia, Brasil
Caminhos de Memória, Instalação, Grande Galeria do Palácio das Artes, Belo Horizonte, Brasil

1986
Inside Out, Fiberworks Gallery, Berkeley, Califórnia, EUA

1985
Matrix Gallery. Sacramento, EUA
Departures, Fiberworks Gallery, Berkeley, California, EUA

1984
Ritual Objects, Fiberworks Gallery, Berkeley, Califórnia, EUA

1982
Objetos, Centro de Artes de Campo Grande, Campo Grande, Brasil


Exposições Coletivas

2007
I Festival Internacional del Fuego, Museo Carmelo Fernandez, Venezuela
I Bienal del Fin del Mundo, Ushuaia, Argentina

2006
Black and White, Haim Chanin Fine Arts, New York, EUA
Alejandra Von Hartz Gallery, Miami Beach, EUA
Paralela a XXVII Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brasil

2005
5º Edição Bienal do Barro, Memorial da América Latina, São Paulo, Brasil
Still life - Natueza Morta, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil

2004
Paralela, São Paulo, Brasil
Still life - Natureza Morta, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Brasil
Heterodoxia, Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil
II Bienal de Desenho Brasileiro Contemporâneo- Deslizamento e Distensões,
Fundação Espaço Cultural da Paraíba, João Pessoa, Brasil
Exposição DNA, Galeria Arte em Dobro, Rio de Janeiro, Brasil

2003
Exposição Interacidade, Galeria Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil
Heterodoxia, Memorial da América Latina, São Paulo, Brasil
Pluralidade, Museu de Arte Santa Catarina, Florianópolis, Brasil
The 8th international Shoebox Sculpture Ehxibition, University of Hawaii Art Gallery, Honolulu, Hawai, EUA
Shoe Box, Kaohsiung Museum of Fine Arts, Kaohsiung, Taiwan, China
Meus Amigos no Museu de Arte Moderna Villa Lobos, São Paulo, Brasil

2002
Contemporáneos Brasileños, Centro de Arte Contemporâneo Wifredo Lam, Habana, Cuba
Nefelibatas, MAM, São Paulo, São Paulo, Brasil
Faxinal das Artes, Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Brasil
Tangenciando Amilcar, Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil

2001
Côte à Côte Arte Contemporain du Brésil, Musée dart contemporain de Bordeaux, França
São ou não São Gravuras?, MAM, São Paulo, Brasil
Arte Contemporáneo Brasileño - Universidade Católica de Chile, Santiago, Chile
Bienal 50 anos, Uma Homenagem a Ciccillo Matarazzo, São Paulo, Brasil

2000
Cá Entre Nós. Paço das Artes, São Paulo, Brasil
Brasil 500 Anos, Artes Visuais, Pavilhão da Bienal, Ibirapuera, São Paulo, Brasil
Brasilien in Barsikow, Galerie Barsikow, Alemanha
Século XX: Arte do Brasil. Fundação Gulbenkian, Lisboa, Portugal

1999
Invisible Exhibition, Pezinok, Eslováquia
Território Expandido. SESC Pompéia, São Paulo, Brasil
Receptáculos, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, São Paulo, Brasil
Arte Brasileira em Berlim, Galerie KunstTRaum, Berlim, Alemanha
Extra-Small Extra-Large, Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil
II Bienal do Mercosul. Porto Alegre, Brasil

1997
A Diversidade da Escultura Brasileira. Instituto Cultural Itaú, São Paulo, Brasil
Arte em espaço Publico, Bratislavia, Eslovenia
Die Anderen Modernen. Haus der kulturen der welt , Berlim, Alemanha

1996
Quinze Artistas Brasileiros. Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil
Organicus, Galerie Drei, Dresden, Alemanha

1995
Espaço, Paço das Artes de São Paulo, Brasil
VIII Bienal da Polônia, Luts, Polonia

1994
Pequenos Formatos Latino, Americanos, San Juan, Porto Rico

1993
Brazilian Contemporary Art Project, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Brasil
IV Lausanne Biennial, a choice, Netherlands Textilmuseum, Tilburg, Holanda

1992
Brazilian Contemporary Art Project. IBAC, Rio de Janeiro, Brasil

1991
Escultura, Amílcar de Castro e Shirley Paes Leme. Biblioteca do Campus Santa
Mônica da Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, Brasil

1990
Gente de Fibra, SESC Pompéia, São Paulo, Brasil

1987
Sculpture, Fiberworks Gallery, Berkeley, California, EUA

1986
Landscape Unusual Vantages, San Francisco Art Comission Galery, San Francisco Califórnia, EUA


Prêmios

1999
Artista em Residência künsthaus Bethanien, Berlim, Alemanha

1993
Fapemig, Belo Horizonte, Brasil

1992
Prêmio Brasília de Artes Plásticas, Brasília, Brasil

1991
Prêmio XVI Salão de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, Brasil

1989
Prêmio IV Salão Nello Nuno, Belo Horizonte, Brasil
Prêmio X Salão de Arte de Belo Horizonte, Belo Horizonte, Brasil

1986
Prêmio San Francisco Arts Comission Gallery, San Francisco, EUA



TEXTOS CRÍTICOS

Sobre as esculturas de Shirley Paes Leme
Tadeu Chiarelli - 2007

Por mais grandiosos e imponentes que possam ser alguns dos trabalhos de Shirley Paes Leme, eles sempre serão dominados e tornados íntimos do observador pela memória que sua técnica construtiva exala.
Por mais "estranhas" que possam parecer num primeiro olhar, as esculturas de Shirley Paes Leme guardam essa familiaridade, essa potencialidade utilitária estrutural que, ao se revelar, problematiza a inclusão fácil de sua obra numa tradição que ignora influxos outros que não apenas aqueles de extração erudita.

Shirley Paes Leme trabalha como se fosse a primeira artista (não que antes dela tivesse existido "o" primeiro artista), o primeiro ser hmano a criar formas no espaço para povoar o mundo, numa interação entre o ser e a matéria. Seus trabalhos são estranhos e familiares porque carregam dentro de si tanto o inusitado da forma absolutamente original quanto o entrave dos limites de uma técnica arcaica imemorial.
É nesssa intersecção (e não nessa "síntese" entre arte erudita e artesanato, é nesse lugar "contraditório" - onde vários outros artistas brasileiros se situam - que a artista ajuda a ampliar os limites da arte contemporânea, conferindo a ela um caráter não unicamente erudito e autoritário, mas igualmente popular, conciliatório, capaz de fazer conviver posturas que seriam excludentes em outras esferas.





Luminescências pulsantes
Angélica de Moraes - 1999

A obra Lúmen Vaga Lúmen, de Shirley Paes Leme, provoca a ancestral matriz de formas orgânicas que habita nossa percepção. A artista nos leva a observar o rastro de vida que se refugia em um objeto industrializado, produzido e utilizado no espaço urbano. Chama a atenção para anatomias movidas pela vontade ou pelo desejo onde deveria haver apenas função impressa no metal ou tarefa parafusada no plástico.

Essa ambigüidade, essa janela para o inefável, remetem a memórias de um passado rural e inauguram uma sutil inflexão surrealista nos procedimentos de formulação do seu trabalho, que tem a trajetória demarcada por metáforas articuladas a partir da apropriação de materiais naturais, especialmente gravetos e galhos de árvores.

Nesta nova proposta, Shirley instala um paradoxo que se resolve conceitualmente pela aproximação de duas luminescências pulsantes: telefones celulares e vagalumes. Ela nos mostra que há algo de insetos luminosos vagando no breu da noite e no corpo negro desses aparelhos que também sinalizam com luzes irriquietas a busca do encontro, perambulam e adejam em enxames zumbidores.

Ao fazer pender a acumulação de luzes de telefones celulares em uma instalação, a artista mais uma vez tensiona com inteligência as fronteiras do que a crítica norte-americana Rosalind Krauss denominou de "escultura em campo expandido"(1). Um linha demarcatória que separa o pensamento moderno do contemporâneo, o pensamento escultórico tradicional (com seu cortejo de etapas artesanais) da operação mental que apropria e dá significado às coisas e ao espaço entre elas, sem precisar esculpir nem modelar algo.

É possível detectar neste trabalho de Shirley outra ferramenta ainda inédita no conjunto de sua obra: o ready made duchampiano, momento inaugural de uma contemporaneidade ainda fértil e geradora de significados a partir da apropriação e articulação simbólica de objetos produzidos industrialmente para fins utilitários e banais. Procedimento artístico baseado na superação do que Duchamp denominou de retiniano, isto é, da pura fruição visual (2).

Esse momento de mudança nos pressupostos da obra de Shirley conserva o fascínio da artista pela luz. Um fascínio que perpassa toda sua obra e vinha se manifestando na simbologia da chama como extensão visível da alma, do fogo alimentado pela madeira e da fumaça (resíduo da combustão da vida?) apropriada como material de desenho.

Sua obra é a de uma desenhista. Ao invés de traçar a linha no papel, foi buscá-la nas silhuetas esguias dos gravetos e feixes de lenha. Com essas madeiras flexíveis, com esses elementos capilares e inexatos, teceu no espaço formas a um tempo aéreas e solidamente enraizadas no chão, conjugou urdidura artesanal com articulação de conceitos eruditos.

Foi assim que criou esculturas de movimentos ascendentes, ofertantes, habitáculos ancestrais, ninhos aconchegantes e grafismos tridimensionais levíssimos e essenciais. Formas que podem erguer-se isoladas e frágeis ou agrupar-se em sólidas tramas. Obras por vezes quase impalpáveis na sutileza do desenho que volta à superfície do papel consubstanciado em fumaça.

Há algum tempo a artista acrescentou ao universo de formas vegetais o simulacro delas, fundido em metal. É desse viés que percebemos derivar a obra atual. O metal fundido em trajetos sinuosos e incorporado aos gravetos como seus duplos replicados já apontava para a fricção entre formas naturais e a seriação anônima trazida pela indústria.

Na mostra Território Expandido (3), Shirley avançou ainda mais essa linha de pesquisa, ocultando motores na base de galhos esguios para imprimir a eles movimentos ritmados de dança e lembrar que suas naturezas vegetais, tocadas pelo vento, têm algo da graça aérea dos corpos dos bailarinos.

Já tentou-se situar sua obra na arte povera e mesmo na arte conceitual. Em vão. Claro que também é possível observar algumas tangências nessas direções. Na verdade, porém, escapando a qualquer rótulo ou filiação histórica (que nunca consegue contemplar por inteiro uma personalidade artística, que é por definição o exercício pleno de uma individualidade), Shirley Paes Leme elabora um discurso visual que pensa arte e natureza juntas. O que ela fez neste trabalho foi expandir esse conceito para além dos materiais que conotam diretamente o mundo natural. Ela agora nos propõe enxergar a pele dos objetos e o músculo das coisas. Mesmo que elas pareçam assépticas tecnologias de última geração.

1. KRAUSS, Rosalind. "Caminhos da Escultura Moderna". Ed. Martins Fontes, São Paulo,1998
2. A importância de Duchamp para a compreensão dos rumos da arte atual é analisada em profundidade na obra "The Duchamp Effect: Essays, Interviews, Round Table", October Book, MIT, EUA,1996
2. A coletiva de obras tridimensionais "Território Expandido" teve curadoria de Angélica de Moraes e foi exibida no Sesc-Pompéia (São Paulo, S.P.) de maio a junho de 1999.


FONTE : Nara Roesler em 13.04.2010






Fonte cda

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