Biografia |
Peres, Pedro (1850 - 1923)
Pedro José Pinto Peres
Nascimento/Morte
1850 - Lisboa (Portugal) - 10 de novembro
1923 - Rio de Janeiro RJ
Formação
ca.1865 - Rio de Janeiro RJ - Inicia seus estudos artísticos no Liceu de Artes e Ofícios
1868 - Rio de Janeiro RJ - Estuda na Aiba, com Victor Meirelles, Agostinho da Motta e Chaves Pinheiro - Durante o curso, recebe menção em modelo vivo e pintura histórica (1873); medalha de prata em pintura histórica (1874); grande medalha de ouro em pintura histórica e medalha de prata em modelo vivo (1876)
Cronologia
Pintor, professor
s.d. - Rio de Janeiro RJ - Professor catedrático de desenho na Escola Normal
1855 - Rio de Janeiro RJ - Vive nessa cidade
1879 - Rio de Janeiro RJ - Condecorado, pelo Imperador D. Pedro II, como Cavaleiro da Ordem da Rosa
1879/1881 - Paris (França) - Estudos de aperfeiçoamento artístico através de visitas a museus
ca.1885 - Rio de Janeiro RJ - Professor de desenho no Liceu de Artes e Ofícios
1889/1890 - Rio de Janeiro RJ - Professor honorário da Aiba, na cadeira de pintura, substituindo interinamente Victor Meirelles
Atualizado em 04/08/2005
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Nascido em Lisboa (Portugal) e falecido no Rio de Janeiro. Chegado à capital de Brasil aos cinco anos de idade, nela realizaria toda a sua formação artística, primeiro no Liceu de Artes e Ofícios e após 1868 na Academia Imperial de Belas-Artes, como aluno, entre outros, de Agostinho José da Mota, Chaves Pinheiro e principalmente Vítor Meireles, que iria influenciá-lo fundamente.
O nome de Pedro Peres começou a se tornar famoso na Exposição Geral de 1879, com A Elevação da Cruz, uma pintura que causou funda sensação e carrearia para seu jovem autor uma medalha de ouro e a comenda de Oficial da Ordem da Rosa.
A composição, o desenho, o colorido e a atmosfera geral da Elevação evocam tão de perto a Primeira Missa no Brasil, de Vítor Meireles, que Gonzaga Duque não teve dúvidas em chamá-la de "prólogo" da célebre pintura, julgando-a, com severidade decerto excessiva:
«Essa obra é de um principante. Nada tem de notável, senão a qualidade de ser prova de aplicação ao estudo.»
No mesmo ano de 1879 foi Pedro Peres para a França, permanecendo até 1881 em Paris. Ao regressar, deu início a uma prestigiosa carreira de pintor de história, gênero e retrato, atividade que repartiria até o fim da vida com a de professor no Liceu de Artes e Ofícios, na Academia (onde lhe coube substituir Vítor Meireles) e na Escola Normal.
É de 1882 A Última Corrida de Touros em Salva terra, baseada na narrativa de Rabelo da Silva.
Encomendado pelo Clube de Regatas Guanabarense para comemorar o centenário da morte de Pombal, o quadro desenvolve-se em dois planos: no fundo, vê-se o velho Marquês de Marialva, que acabou de vingar a morte do jovem filho, abatido momentos antes na arena; no primeiro, o Marquês de Pombal aproxima-se do Rei, para lhe anunciar friamente o rompimento de relações com a Espanha, indiferente ao drama humano que tem junto a si.
A composição é bem cuidada e o desenho correto, mas algumas figuras são duras e despojadas de vida - bonecos, e não seres de carne e osso.
Em 1884, na XXVI Exposição Geral, Pedro Peres mostra seis retratos, Lição de Bordados e Fuga para o Egito - ao lado, aliás, de outra Fuga para o Egito, a de Almeida Júnior.
E provável que boa parte da crítica adversa recebida pela obra de Pedro Peres tenha-lhe advindo de uma comparação desfavorável com a obra-prima do pintor paulista.
A figura de São José, particularmente, motívou sarcasmos à crítica que o surpreendeu "com ares de folgazão da Penha, refestelado na areia", "menos um tipo de judeu atormentado pelo cansaço da fuga do que um boneco bem posado", etc..
Críticas à parte, no entanto, a composição é de grande originalidade, e o esquema cromático impõe-se pela sobriedade, resolvendo-se em três campos bem delimitados de vermelho, cinza e azul.
Não foi em pinturas históricas, como A Princesa Isabel Entrega Cartas de Liberdade, executada em 1885, ou em painéis decorativos como O Brasil Animando, o Trabalho, a Indústria, o Comércio, a Navegação e a Instrução, porém em pinturas de gênero, como Travessuras que Pedro Peres dá o melhor de si próprio.
Soberbamente pintada, essa obra mostra uma criança que se diverte em "melhorar" um retrato recém-concluído após ter penetrado no ateliê de um pintor, que adormeceu.
Pedro Peres não chegou a fazer individuais; mas participou das Exposições Gerais desde 1879 - e ainda na de 1910 expunha dois óleos, Passeio impedido e Previsão Dolorosa. Sua obra é extensa e de valor muito desigual, abundando os retratos circunstanciais, para irmandades, associações e entidades de classe.
Fonte: CD-Rom «500 Anos de Pintura Brasileira»
Texto do livro de Laudelino Freire
"1816-1916 - Um Século de Pintura"
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Muito conhecedor da arte do desenho, em que é mestre, possuidor de técnica segura, suave e sincera, dotado de modelar capacidade de trabalho e votado, com fervor e arte, goza de justo renome a que lhe dão direito os seus apreciáveis tributos de verdadeiro artista.
Simples e retraído, vivendo no lar e no ateliê, todo entregue às preocupações de seus deveres de professor, foge das ostentações dos meios mundanos, preferindo, ao espalhafato ruidoso, o viver modesto.
Discípulo predileto de Vítor Meireles, que nele já pressentia o artista incansável, tornou-se um dos mais acatados pintores da geração que despontou em 1879.
Tendo como especialidade a pintura de gênero e de retrato, destacam-se da sua vasta produção, como os mais importantes, os seguintes trabalhos: A primeira libertação, que representa a Condessa DEu (princesa Isabel) entregando aos escravos suas cartas de liberdade, em 25 de julho de 1885;
A elevação da cruz em Porto Seguro, que traduz o fato histórico assim indicado: "No dia 1º de maio de 1500, em uma sexta-feira, desembarcaram os portugueses e foram, em procissão, com o estandarte bem alçado, arvorar a Cruz, em lugar conspícuo, a dois tiros de besta, ao sul do Rio" (História do Brasil de Southey);
Última corrida de touros em Salvaterra, cujo assunto foi colhido nas páginas de Contos e Lendas, de Rabelo da Silva, "No momento em que o Marquês de Marialva desce à arena para vingar a morte de seu belo filho, que um touro acabava de estender ao chão, atravessando-lhe o flanco com as rígidas e agudas pontas dos chavelhos, o Marquês de Pombal aparece na tribuna real, frio e impassível, em frente de espetáculo tão doloroso, para dar notícia a El-Rei do rompimento com a Espanha";
A fuga da Sacra Família para o Egito, pertencente à Galeria Nacional, onde também figuram a Elevação e um esboço da Primeira libertação municipal, acima referidos; Lição de Bordado, Travessuras, Apreensão, Retrato de Benjamim Constant, existente na Escola Normal desta cidade; Cena de Cemitério, Retrato do vigário da Igreja de São José; Notas Alegres; O caçador de tigres; Velharias; Jesus no sepulcro, cópia original de Ribeirais, que se acha na sacristia da igreja de Santa Ana; e A devoção.
Aumentam sua produção inúmeros retratos, que figuram em várias associações, igrejas, irmandades, secretarias e residências particulares, e a decoração da cúpula do edifício onde esteve instalado o Supremo Tribunal Federal, na rua 1º de Março, representando O Brasil animando o Trabalho, a Indústria, o Comércio, a Navegação e a Instrução. O quadro Libertação, encomendado ao artista pela Câmara Municipal da Corte, foi concluído e entregue a 1º de dezembro de 1886, ao Dr. João Pereira Lopes, então presidente.
Foi discípulo de Vítor Meireles, Agostinho da Mota e Chaves Pinheiro, reconhecendo ter sido o primeiro o que maior influência exerceu em sua formação artística. No curso, alcançou todos os prêmios, inclusive a grande medalha de ouro e o oficialato da Rosa, com seu quadro Elevação da Cruz.
Nunca fez exposições, mas tem concorrido a diversas. Aperfeiçoou seus estudos na Europa, onde esteve de 1879 a 1881. Foi professor de desenho do Liceu de Artes e Ofícios e professor honorário da Academia, tendo substituído interinamente Vítor Meireles na cadeira de pintura. Nunca quis ter discípulos de pintura, mas conta um número considerável de discípulos de desenho, sendo catedrático desta matéria na Escola Normal, cujo cargo continua a exercer [estamos em 1916], com grande proveito para seus alunos.
Fonte : Pitoresco
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