Artista Otávio Francisco dos Santos - Otávio Bahia (1943-2010)
Biografia O escultor Otávio Francisco dos Santos, conhecido como Otávio Bahia, morava em Fazenda Coutos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador (SFS), e sua obra percorreu o mundo. Escultor de máscaras africanas, de homens e mulheres negras na melhor tradição milenar das esculturas dos povos africanos, Otávio Bahia morreu sem o reconhecimento merecido, isto é, nem o retorno financeiro e da crítica sobre o seu trabalho.

Escultor desde a década de 1970, foi em junho de 2010 que foi noticiado em uma reportagem televisiva no programa Bahia Revista, da TV Bahia, onde o seu trabalho foi mostrado. Concluiu o ano com seu canto de cisne para entrar para a história. Otávio Bahia deixou um legado simbólico com milhares de peças que estão espalhadas pelo Brasil e o mundo.

Vendidas em lojas de artesanato de alto padrão no Mercado Modelo, Pelourinho, Praia do Forte e no Aeroporto, Otávio produziu muito sistematicamente durante a sua vida, tendo conseguido em sua casa uma bem elaborada oficina para realizar o seu trabalho de escultor, junto com seus filhos, cujo o único que continua a manter vivo o ofício é César.

Com a morte de Otávio Bahia, a arte escultórica em madeira no Subúrbio Ferroviário de Salvador teve uma perda mais que significativa, pois seus herdeiros na arte foram poucos e seu filho, César Francisco dos Santos, que ainda faz algumas obras, não conta mais com o completo maquinário do ateliê constituído em vida por Otávio.

Com sua morte, o mundo perdeu um notável artista que, talvez, por morar em uma região identificada por estigmas, carregou por toda a vida a linha da invisibilidade local, embora a sua obra seja conhecida praticamente em todo o mundo - menos no SFS e nos círculos culturais da Bahia.

Considero Otávio Bahia o representante máximo da arte escultórica suburbana, tanto pelas obras produzidas, como pela contribuição que trouxe para as artes brasileiras, embora não tenha sido ainda devidamente reconhecido.

Suas mãos restabeleceram o nexo entre a tradição ancestral e a contemporaneidade na recriação de uma "África Bahia [que] não existe em canto algum. Essa África só existe aqui", como escreveu o querido Gey Espinheira (1998, p.27)¹, endossado por Emanoel Araujo, João Jorge (Olodum) e Alberto Pita (Cortejo Afro).

A África foi reconstruída simbolicamente no Subúrbio Ferroviário de Salvador através da obra desses artistas e seus continuadores. Otávio Bahia deu cor e forma em imagens, esculturas e máscaras a este modo culturalmente elaborado de representação surgido em tempos imemoriais. No entanto, é sofrível pensar que nesta Cidade de São Salvador da Bahia poucos conheçam a sua obra.
Fonte irandodacachola.wordpress.com

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