Artista Karin Lambrecht - Karin Marilin Haessler Lambrecht
Biografia Lambrecht, Karin (1957)



Biografia

Karin Marilin Haessler Lambrecht (Porto Alegre RS 1957). Pintora, desenhista, gravadora e escultora. Inicia seus estudos no Ateliê Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, entre 1973 e 1976. Como aluna de Danúbio Gonçalves (1925), estuda litografia entre 1977 e 1978. Gradua-se em desenho e gravura pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - IA/UFRGS, em 1979. Nesse ano, realiza sua primeira individual, no Espaço 542. No início da década de 1980, faz curso de pintura com Raimund Girke (1930 - 2002), na Hochschule der Künste, em Berlim. Em 1986, realiza mostra individual na Galeria Tina Presser, em Porto Alegre. Recebe, em 1988, o Prêmio Ivan Serpa, da Funarte. Em sua produção dos anos 1980, emprega detritos industriais, dialogando com a arte povera e o expressionismo. Nesse período, dedica-se ainda à pintura, em busca de novas possibilidades formais, elimina chassis e costura pedaços de tela. Na década de 1990, começa a agregar materiais orgânicos, como grãos de terra e sangue, à superfície das telas.


Fonte : Itaú Cultural Atualizado em 19/05/2006


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Karin Lambrecht (Porto Alegre, RS, 1957). Vive e trabalha em Porto Alegre.

Pintora. Inicia seus estudos no Ateliê Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, entre 1973 e 1976. Como aluna de Danúbio Gonçalves (1925), estuda litografia entre 1977 e 1978. Gradua-se em desenho e gravura pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - IA/UFRGS, em 1979. Nesse ano, realiza sua primeira individual, no Espaço 542. No início da década de 1980, faz curso de pintura com Raimund Girke (1930 - 2002), na Hochschule der Künste, em Berlim. Em 1986, realiza mostra individual na Galeria Tina Presser, em Porto Alegre. Recebe, em 1988, o Prêmio Ivan Serpa, da Funarte. Em sua produção dos anos 1980, emprega detritos industriais, dialogando com a arte povera e o expressionismo. Nesse período, dedica-se ainda à pintura, em busca de novas possibilidades formais, elimina chassis e costura pedaços de tela. Na década de 1990, começa a agregar materiais orgânicos, como grãos de terra e sangue, à superfície das telas.


Exposições Individuais

2008
Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil

2005
Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil

2002
Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

1996
Projeto Eventos Especiais, Salas Sérgio Milliet e Lygia Clark da Funarte, Rio de Janeiro, Brasil

1994
Galeria Camargo Vilaça, São Paulo, Brasil
Ciclo de Arte Brasileira Contemporânea, Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre, Brasil

1990
Subdistrito Comercial de Arte, São Paulo, Brasil

1988
Thomas Cohn Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil

1987
Petrus Kirche, Berlin, Brasil


Exposições Coletivas

2008
Lugares desdobrados, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil

2007
Forum Cultural De Ermesinde/ Musas, Portugal
Mulheres Artistas - olhares contemporâneos, Museu de Arte Contemporânea, Universidade de São Paulo, Ibirapuera, Pavillhão Ciccilio Matarazzo, São Paulo, Brasil
Coleção Itaú Contemporâneo: Arte no Brasil, 1981 - 2006, Itaú Cultural, São Paulo, Brasil
Associações Livres - Ler é Acreditar, Museu de Arte Contemporânea - Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
Anos 70 Arte como Questão - Curadora Glória Ferreira. Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil
80/ 90 Modernos Pós Modernos ETC, Curador: Agnaldo Farias. Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil
Iberê camargo Gravuras e as Projeções de um Atelier no Tempo - Programa Artista Convidado. Organização Geral: Fundação Iberê Camargo. Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

2006
Manobras Radicais - Curador: Paulo Herkenhoff. Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, Brasil
Gravura em metal matéria e conceito no atelier de Iberê Camargo, Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, Caxias do Sul, Brasil

2005
O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira - Instituto Cultural Itaú, São Paulo, Brasil
Lágrimas - Mosteiro de Alcobaça, Portugal
Dor, Forma Beleza, Estação Pinacoteca, São Paulo, Brasil
5ª Bienal do Mercosul - VETOR: A Persistência da Pintura - Armazéns do Cais do Porto, Porto Alegre, Brasil

2004
Arte Contemporânea no Atelier de Iberê Camargo - Centro Cultural Maria Antonia - USP, São Paulo, Brasil
Onde está você,Geração 80 ? - Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil

2003
Pele, Alma- Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, Brasil

2002
Sala Especial - 25ª Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil
Violência e Paixão, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro e Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil

1998
Quase Nada, Nassauischer Kunsverain Wiesbaden, Alemanha, Brasil

1994
Arte Amazonas, Ludwig Forum für Internationale Kunst, Aachen, Alemanha
Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil

1991
Viva Brasil Viva, Kulturhuset, Estocolmo, Suécia
Brasil, la Nueva Generation, Fundación Museo de Bellas Artes, Caracas, Venezuela

1987
19ª Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brasil

1985
Expressionismo no Brasil, Heranças e Afinidades, Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brasil

1984
Como vai Você Geração 80, Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil


Projetos Selecionados

2006
LUGARES, Revista de Arte Contemporânea - www.revistalugares.org.br , Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil
Rede Nacional de Artes Visuais, Funarte, orienta oficina de pintura incluído na programação do evento SPA, Recife, Brasil

2005
25/10 a 29/10 - Artista Visitante / 5ª etapa Belém - Espaço Cultural Casa das Onze Janelas (Pará) / Rede Nacional de Artes Visuais, orienta oficina de pintura, Direção Xico Chaves. Funarte. Rio de Janeiro, Brasil

2004
Rede Nacional de Artes Visuais, orienta oficina de pintura, Funarte, Artes Visuais - Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil

2003
Artista Convidado do Atelier de Gravura de Iberê Camargo - Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil

2001
Projeto Inserções, Caderno T / Revista Bravo, curadoria Angélica de Morais e Paulo Herkenhoff, Instituto Takano de Projetos, São Paulo, Brasil
Projeto Areal, organizadores Maria Helena Bernardes e André Severo, Bagé, Brasil


Prêmios

2009
Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, destaque em pintura. Porto Alegre, Brasil

1987
Prêmio Ivan Serpa, Instituto Nacional de Artes Plásticas da FUNARTE, Rio de Janeiro, Brasil


Residências

1986
Artist in Residence, Millay Colony for the Arts, Austerlitz, New York, EUA



TEXTOS CRÍTICOS

Pai
Camila Gonzatto - 2009
Fundação Iberê Camargo

Karin Lambrecht é uma artista de destaque no cenário contemporâneo brasileiro. Participa de exposições desde o final de década de 70. Em 1984, participou da exposição Como vai você geração 80. Em 2002, ganhou sala especial na Bienal de São Paulo. Até hoje, participou de diversas exposições coletivas e realizou mais de dez individuais. Nascida em Porto Alegre, Karin trabalha com pintura e gravura e, a partir da década de 1990, incorpora a sua pintura elementos orgânicos como terra e sangue de animais.


Como surgiu a proposta de viagem a Israel? Qual a idéia geral que norteia o projeto?

Sempre considero mais de um fator que vai me ajudar devagarinho a realizar um trabalho novo. Eu trabalho com a matéria e também com a memória. Neste caso, dentro da seqüência dos meus trabalhos com o sangue derradeiro de carneiros abatidos para o consumo doméstico da carne ovina, vi e suspeitava que o modo com o qual o gaúcho - o homem do campo - lida aqui é semelhante ao modo judaico: é o modo que abate os ovinos por sangramento. Por isso, seria inevitável um dia viajar para Israel e especificamente a Jerusalém e verificar a origem deste universo.

O meu trabalho trata de uma reunião de elementos, que lembra um inventário restaurador de memórias ancestrais. Memórias que eu imaginava estarem lá e aqui, tão longe do lugar de origem, e que estão esmaecidas nas lembranças. O corpo animal é também o mesmo corpo como o meu e o teu e de todos. Neste trabalho, que apresento Pai, destrinchei a genealogia de Jesus conforme Lucas ( São Lucas) e contei 77 gerações.

Também gostaria de ressaltar que o trabalho Pai segue um ritmo, como um mantra e como as camadas na pintura.


Como este trabalho se relaciona na tua carreira com os outros projetos realizados com sangue?

Os trabalhos que realizei até hoje recolhendo o sangue do abate de carneiros (ou ovelhas), especificamente em lugares escolhidos a priori e sempre muito isolados, geralmente lugares muito simples onde, às vezes nem havia luz elétrica, nunca foram fáceis, porque exigem que haja confiança dos peões em mim. Quando eles realizam o abate, precisam estar à vontade e aceitar a minha presença. Eu nunca interferi no método do oficio deles. O meu trabalho tem que estar nos "conformes éticos "aos olhos do abatedor para que eu possa estar presente junto a eles. É um momento horrível. Sei de antemão o que será visto, a morte de um carneiro, os sofrimentos do animal sendo abatido de um só golpe de faca. Creio que o trabalho que apresento contém a memória destes fatos, porém é uma memória invisível ao olhar, mas esta lá. Igualmente ela está contida no trabalho Pai. Eu considero a mancha de sangue como uma sombra da matéria, algo como uma tensão contínua da existência orgânica gerando constantemente um conflito entre corpo e espírito.

Gostaria que tu contasses um pouco da tua experiência em Israel, falando sobre como eles viram o teu trabalho lá e como foi o entendimento do teu trabalho.

Quando penso comparativamente entre aqui e lá, diria que assim como para nós no Brasil a memória é sempre preferivelmente violada, em Israel, ao contrário, a memória é respeitada. O meu trabalho Pai é uma linhagem de nomes masculinos e mergulha no passado distante, convergindo para um imaginado início coletivo.

Na entrada do Museu de Israel, vê-se na parede uma linha histórica de quantas invasões e dominações Jerusalém sofreu. A cidade já foi considerada o centro do mundo nos mapas antigos e também vê-se uma maquete enorme no pátio do museu como era Jerusalém Antiga. Teria que dar aqui uma verdadeira aula de história antiga, é algo bem complexo, emociona e faz sentido. A religião em Israel, ouso dizer, é integrada na cultura do dia a dia.

Quando, por exemplo, eu pensava na Sarça Ardente antes da viajem, era difícil imaginar como a coisa se deu. Mas estando lá, sentindo na pele a "ardência" no olhar causada pela incidência da própria luz que impressiona, a secura causada na boca pelo deserto, entende-se que só naquelas condições climáticas poderia existir uma visão antiga tão forte. Na nossa sociedade, abolimos totalmente o mundo dos sinais, o mundo intuitivo, tudo que foge ao controle fica excluído ao renegado universo da loucura.

Quanto à compreensão principalmente da fotógrafa em relação ao meu trabalho e ao que fui fazer lá, posso dizer que ela foi se dando passo a passo, primeiramente através de e-mails, e finalmente, ao vivo, quando chegou o dia. Havia muita ansiedade minha e dela. É um trabalho duro.

E como foi o processo de trabalho de vocês?

Yael Engelhart, 27 anos, é uma fotógrafa maravilhosa, uma jovem mulher com uma enorme experiência de vida. Em Israel, as mulheres têm que servir dois anos no exército; depois disso, ela cursou a Universidade, além de já ter vivido em Londres e viajado para diversos outros países, sempre fotografando e documentando a realidade ao seu redor.

Neste trabalho, ela contou com a presença de seu assistente, porque ela previu como seriam complicadas as circunstâncias do meu trabalho, já que é difícil a permissão de estranhos no local, onde o rabino estaria presente. Yael contou com o envolvimento e a ajuda da própria família. Sua mãe e seu pai fizeram contatos antes da minha chegada. Sem eles teria sido impossível realizar aquilo que fui buscar lá. Yael na liderança dessa busca de nossa pequena missão, dirigiu em torno de 600 km. Saímos do hotel de madrugada e retornamos à noite. Passamos por Akkon, onde no dia anterior houve graves conflitos, seguimos para o norte de Israel e encontramos o abatedouro em uma pequena comunidade árabe, orientados e apoiados pelo veterinário do primeiro abatedouro que havíamos buscado em Haifa e naquele dia estava fechado por causa dos feriados da semana do Succot.

No meu trabalho, sempre considerei importante a documentação fotográfica. Um dia gostaria de publicar todos os mapas dos lugares por onde passei, as fotografias de documentação, assim como os trabalhos em sua seqüência temporal. Creio que aparecerão vestígios disso que considero fatores antropológicos e ancestrais deste universo a priori próximo ao cosmos.

Um dos teus trabalhos expostos é um diário de viagem com desenhos. Nele, as pessoas podem escrever o nome do pai. Qual a tua intenção com esse caderno?

Considerei que cada visitante da exposição poderia escrever o nome do próprio pai nas páginas como réplica de meu caderno de esboços, no qual desenhei e anotei tudo que vi na minha viajem, muitos momentos. Aqui na sala de exposição ele é uma pausa, porque não é fácil escrever o nome do próprio pai.

Como os teus trabalhos com caligrafias, que também estão expostos, se relacionam com este feito em Israel?

A primeira caligrafia desta genealogia é dos anos 1994 e 1995. Até hoje eu reescrevo a mesma. Isso é algo que me acalma, vai esvaziando a minha cabeça, um automatismo, um ritmo do ato de desenhar, caligrafia como desenho... Eu não sei por ordem quem é pai e filho, mas ali estão muitos, desde Noé, Abraão, Isaque ... muitos nomes de homens de um passado remoto.

Todos os trabalhos reunidos na minha sala são as próprias caligrafias, como pintura e desenho. A ligação com Israel, além do que já mostrei nas questões anteriores, se dá pela minha formação cristã e a cultura judaico-cristã impregna toda a vida ocidental.

Como tu vês a relação do teu trabalho com o das outras artistas da exposição [Lugares Desdobrados, Fundação Iberê Camargo, 2009]?

Sempre considero que quem dá o nexo entre os artistas é a visão do curador. A própria arquitetura da Fundação nos permite ver os trabalhos expostos, sempre com recortes ao fundo de outro artista e, ao mesmo tempo, cada sala preserva o silêncio necessário para cada trabalho. É uma arquitetura aconchegante e bela.

Durante as reuniões de trabalho, alguns detalhes foram resolvidos entre todos. Na primeira reunião, junto a curadora Mônica Zielinsky, Elaine Tedesco e todos os envolvidos na produção da exposição, especificamente dialogando com Lucia Koch, dentro das questões do trabalho dela, acordamos em deixar a minha sala com a luz original do maravilhoso projeto de Siza. É muito difícil iluminar uma pintura sem projetar sombras e na Fundação Iberê Camargo esta preocupação ficou resolvida no projeto do arquiteto: o banho de luz é perfeito; é uma linda e delicada iluminação natural durante o dia e à noite, assim como nos dias nublados, a iluminação é artificial, imitando a luz natural. A intensidade da luz está dentro dos conformes técnicos que protegem as obras e permitem a cor das pinturas estarem verdadeiras.

Estou muito agradecida a curadora e a Fundação Iberê Camargo, que organizou internacionalmente o meu projeto, apoiando as necessidades que viabilizaram a viajem e a realização dos contatos em Israel.


Entrevista realizada por Camila Gonzatto para a Revista Digital do site da Fundação Iberê Camargo

fonte : Nara Roesler 09.04.2010
Fonte cda

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