Biografia |
Manso, José Patrício da Silva (17-- - 1801)
Biografia
José Patrício da Silva Manso (Santos SP 17-- - Campinas SP 1801). Pintor, dourador e restaurador. É considerado o mais importante pintor paulista do século XVIII. Executa obras para a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária (1780/1784), em Itu, e para as igrejas da Ordem Terceira de São Francisco (1784/1797) e da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, além de pinturas para o Mosteiro de São Bento, em São Paulo.
Fonte : Itaú Cultural Atualizado em 21/06/2005
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MAIS
A PINTURA NA CAPITANIA DE SÃO PAULO
José Roberto Teixeira Leite
São Paulo viu desenvolver-se, a partir de meados do Séc. XVIII, sua escola regional de pintura, iniciada por José Patrício da Silva Manso e que, por meio de seu aluno Jesuíno do Monte Carmelo e de Miguelzinho Dutra, continuaria ativa pelos próximos cem, cento e vinte anos, até bem avançado o Séc. XIX.
Desde muito antes desses três nomes famosos, contudo, a arte pictórica fizera sua irrupção na capitania, primeiro nos doze painéis que pendiam em 1629 das paredes do ricaço Gaspar Barreto, como informa Afonso Taunay; em seguida, em 1655, num surpreendente, para a época e o lugar, retrato eqüestre de Francisco Nunes de Siqueira de autoria de João Moura, pintor morador nesta vila e talvez o primeiro de seu ofício em São Paulo, que representou o herói "a cavalo, vestido de armas brancas, em sela hierônima, com lança ao ombro, bigodes à fernandina", e isso sem falar nos "painéis de apóstolos", " nos "painéis grandes, feitio de Nossa Senhora e Menino Jesus" e até nuns enigmáticos "doze painéis de madamas", talvez os mesmos que pertenceram a Gaspar Barreto, os quais reaparecem em 1672, 1681 e 1697 nos inventários; depois, através das ingênuas pinturas anônimas, ou de autoria até agora por determinar, que ainda hoje avivam, embora adulteradas ou deterioradas, o interior do que restou das primitivas capelas e igrejas.
De duas espécies são tais pinturas anônimas, que se alastram por arcos-cruzeiros e tetos de naves, ambas de inspiração jesuítica: a primeira e mais antiga é a pintura de groteschi, um emaranhado de ornatos combinando figuras humanas ou símbólicas a formas animais, folhagens e espirais, derivada das decorações de Rafael nas loggiae do Vaticano; a outra é a de motivos chineses, em grande voga na Europa desde começos do Séc. XVIII, mas de adoção mais recente no mundo português. Exemplos de grutescos (por se referirem às grutas subterrâneas de Roma onde esse tipo de ornamentação parece ter florescido) podem ser vistos na capela da Fazenda Santo Antonio, em São Roque, datando de fins do Séc. XVII; da segunda, nos frisos com tímidas chinoiseries que nas pinturas dos nove caixotões do teto da Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Embu, datáveis a nosso ver do Setecentos tardio, margeiam o motivo central, de inspiração renascentista. Mas chinesices ocorrem também, e em bom número, na pintura dos retábulos e mesmo dos oratórios domésticos paulistas setecentistas ou já oitocentistas, sendo disso exemplo o retábulo da Capela da Fazenda Piraí, de Itu, do centro do qual um rútilo sol ibérico irrompe de um fundo carmesim em rústico fingimento de laca.
Além dos painéis religiosos, dos tais retratos de madamas, da pintura de grutescos e da de chinesices, outro e mais ambicioso gênero pictórico foi praticado em São Paulo em época tardia: o da pintura perspectivista, também de origem jesuíta, a qual, ocupando forros e sacristias de igrejas, rasga-os de fora a fora para criar espaços fantásticos, numa antevisão do céu. Destacaram-se em São Paulo na prática desse tipo de pintura, além dos acima citados José Patrício da Silva Manso e Jesuíno do Monte Carmelo, dois artistas sobre os quais pouco é sabido, ambos ativos em Mogi das Cruzes em começos do Séc. XIX: Manoel do Sacramento e Antonio dos Santos.
Detendo-nos agora no breve exame dos principais artistas que na São Paulo colonial ou já de tempos do Império mais se notabilizaram na arte da pintura, cumpre em primeiro lugar tratar de José Patrício da Silva Manso, falecido em 1801. Dotado de temperamento violento ("mal comportado, grosseiro, ofende a todos" - assim o definiu Mário de Andrade), sobre sua origem e aprendizado pouco se sabe: o próprio Mário o diz nascido em Santos, mas há quem o julgue, talvez com razão maior, natural de Minas, existindo de qualquer modo afinidade estilística entre algumas de suas pinturas mais famosas - como a do teto da capela-mor da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária em Itu, possivelmente sua obra-prima -, e certas realizações da melhor pintura perspectivista mineira, o que parece indicar que as conhecia bem.
fonte : http://www.museuartesacra.org.br/artigos em 09.04.2010
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