João Castilho

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Artista João Castilho
Biografia A formação de João Castilho guarda grande coerência com sua carreira - que, embora prematura, já demarca um espaço singular dentro da fotografia nacional. Jornalista diplomado pela PUC, o mineiro de 30 anos é também especialista em artes e contemporaneidade pela Escola Guignard, de Belo Horizonte, onde estudaram artistas do porte de Franz Weissmann, Farnese de Andrade e Amilcar de Castro. Do jornalismo, herdou o apego à informação, a busca por novidades e o gosto pela palavra. Da arte contemporânea, extraiu a inquietude criativa e a disposição para romper paradigmas.

Essa maneira peculiar de se posicionar no mundo (e de observá-lo) acabou lhe rendendo um 2008 glorioso. O ano começou com o lançamento do livro Paisagem Submersa (Cosac Naify), realizado em parceria com os fotógrafos Pedro Motta e Pedro David, ambos igualmente de Belo Horizonte. A obra, muito elogiada pela crítica, narra as transformações vividas por famílias de sete municípios de Minas Gerais, inundados para formar o lago de uma hidrelétrica. Na avaliação de Chuck Samuels, diretor artístico do prestigioso Mês da Fotografia de Montreal, Paisagem Submersa remete a "um documentário imaginário". Tal classificação é perfeita justamente por abarcar duas características notáveis da produção de Castilho, ainda que à primeira vista paradoxais: a potência documental aliada a uma apreensão quase onírica da realidade, em que impera o olhar altamente subjetivo e poético. Trata-se de uma combinação rara no Brasil, onde a fotografia documental parece ter estagnado na estética panfletária (e pretensamente realista) dos anos 70.

Pouco depois de publicar o livro, Castilho amealhou o Conrado Wessel, maior prêmio da fotografia brasileira (R$ 80 mil), com o ensaio Redemunho. O trabalho surgiu a partir de Guimarães Rosa e não se baseou exatamente em Grande Sertão: Veredas, mas na própria palavra "redemunho", extraída do romance. "Redemunho é como os sertanejos chamam o redemoinho, movimento circular causado pelo cruzamento de ventos contrários", explica o fotógrafo em seu site (www.joaocastilho.net). No imaginário do sertão, o redemunho é a morada do diabo, e foi dessa crença que nasceu a inspiração para a narrativa fantástica de Castilho.

Após o Conrado Wessel, vieram outros prêmios cobiçados pela comunidade fotográfica, em especial a Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Artística. Vieram, ainda, duas exposições individuais (na Galeria Olido, em São Paulo, e no espaço Oi Futuro, do Rio de Janeiro), além de nove coletivas, uma delas na Holanda.

Finalmente, na eleição promovida pelo Fotosite, em que profissionais e críticos de todo o país escolheram os melhores da área no período de 2007-2008, deu a lógica: Castilho faturou a categoria "Fotógrafo do Ano", à frente de nomes consagrados, como Sebastião Salgado, Miguel Rio Branco, Cristiano Mascaro e Mario Cravo Neto.

Incansável, o jovem artista finaliza agora uma nova série. Guimarães Rosa sai do foco e dá lugar a outro escritor: Franz Kafka. "São 11 fotos feitas a partir da primeira frase de 11 edições brasileiras do conto A Metamorfose. É um trabalho que enxerga a palavra como forma", define, meio enigmático. Difícil não ficar curioso diante de premissa tão inusitada.

Eder Chiodetto é mestre em comunicação e curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

fonte: http://bravonline.abril.com.br/materia/nossa-aposta-joao-castilho-2

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Fonte cda

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