Luzia Simons

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Artista Luzia Simons
Biografia Luzia Simons (Ceará, 1953). Vive e trabalha em Berlim.

Artista plástica, em 1976 viajou para Paris, França. Concluiu licenciatura em História na Universidade de Paris VIII - Vincennes em 1978. Continuou seus estudos em Paris e cursou Artes Plásticas na Universidade de Paris I - Sorbonne (1984-1986). Transferiu-se para Alemanha e fixou residência em Stuttgart em 1986. É docente no Departamento Figurentheater der Staatlichen Hochschule für Musik und Darstellende Kunst Stuttgart. Desenvolve trabalhos de expressão pessoal em fotografia e atua na área das artes visuais realizando filmes e perfomances.

Exposições Individuais

2009
Stockage, Château Chaumont-Sur-Loire, França

2008
Rien ne va plus, Galerie Vero Wollmann, Stuttgart, Alemanha
Light around, Galerie Andrieu, Berlim, Alemanha

2006
Stockage, Künstlerhaus Bethanien, Berlim, Alemanha

2005
Stockage, Institut Français d´ hochkomma, Istanbul, Turquia
Stockage, Kunstverein Konstanz, Alemanha
Städtische Galerie, Ostfildern 3, Fotosommer Stuttgart, Alemanha

2004
Ich spreche mit jedem, der mit mir spricht, Galerie Hoss und Wollmann, Stuttgart, Alemanha

2003
Luftwurzeln, Städtische Galerie Fellbach, Alemanha

2002
Face migration: sichtvermerke, Württembergischer Kunstverein Stuttgart, Alemanha

2001
Transit, Museu de Arte Sacra de Belém, Belém, Brasil
Através de los espejos, Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam, Havanna, Cuba
Face migration, Südwestrundfunk Galerie, Stuttgart, Alemanha

1999
Camera Obscura, Städtische Galerie Erlangen, Alemanha
Hinter den Spiegeln, Markgrafentheater, Erlangen, Alemanha

1998
Camera Obscura, Fotografie Forum international, Frankfurt, Alemanha
12. Camera Obscura, Internationale Photoszene, Köln, Alemanha


Exposições Coletivas

2009
Natur Forte, Kunstverein Wilhelmshöhe Ettlingen, Ettlingen, Alemanha
FotoTriennale, Museet for Fotokunst, Odense, Dinamarca
Vivid Fantasy, In Schloss Untergroeningen, Temporäres Museum, Schlossberg, Alemanha

2008
Flora, Ar/ge Galerie Museum, Bozen, Alemanha
In voller blute, Museum Villa Rot, Burgrieden-Rot, Alemanha
Garden Eden - A representação do jardim na arte desde 1990, Städtische Galerie Bietigheim-Bissingen, Alemanha

2007
Kunsthalle in Emden "Garten Eden" - A representação do jardim na arte desde 1990
La Passione secondo ABO, Ravello Festival 2007 , Passioni Minime, Italia Kunst treibt blüten, Schmuck Museum Pforzheim im Reuchlin Haus, Alemanha
Expeditionen La Habana vieja, Galerie Vero Wollmann, Stuttgart, Alemanha

2006
Stockage, L´ Été Phtographique de Lectoure-Maison St.Louis, França
The Image of Sound: Football, St. Elisabeth Kirch, Berlim, Alemanha

2005
Badischer Kunstverein, Karlsruhe Europäische Kunst in der Sudwestkurve
Galerie Hoss und Wollmann, Stuttgart, Alemanha
Stadt - Ansichten, GTZ, Eschborn, Alemanha
Redefining Maps and Locations, UECLAA, Colchester, Inglaterra
Territoires Croisés, Artothèque, Caen, França
Art Karlsruhe, Galerie Hoss und Wollmann, Stuttgart, Alemanha

2004
Installation Urbain Grafittis, 6. Internationale Foto-Triennale, Rahmenprogram, Esslingen, Alemanha
Coleção Pirelli MASP, Galeria da Caixa Econômica, Brasília, Brasil

2003
Casa França-Brasil, Coleção Pirelli / MASP, Rio de Janeiro, Brasil
Museu de Arte de São Paulo, 12. Pirelli / Masp, São Paulo, Brasil
Testimonianze nomadi, Fotografia - Festival Internazionale di Roma, Galleria Candido Portinari, Italia

2002
Galerie Ruta Correa, Freiburg, Alemanha
Visões e Alumbramentos, Coleção Joaquim Paiva, Oca, São Paulo, Brasil
M "Memory Error", Fotografie - Forum International, Frankfurt, Alemanha

2001
Premio de Fotografía Contemporánea, Casa de las Américas, Havanna, Cuba

2000
Schwarzweiss, Photography Now, Berlin, Alemanha
Space Hotel - Heimat-Kunst, Haus der Kulturen der Welt, Berlin, Alemanha

1999
Odyssee, Württembergischer Kunstverein, Stuttgart, Alemanha

1998
The body in the mirror, Musée de L´ Elysée Lausanne, in Photographic Center of Skopelos, Grécia

1995
Le corps photographié, Artothèque Caen, França


Coleções

Graphische Sammlung der Staatsgalerie Stuttgart, Alemanha
Kupferstich-Kabinett der Staatl. Kunstsammlungen Dresden, Alemanha
Regierungspräsidium des Landes Baden-Württemberg, Alemanha
Fonds National d Art Contemporain, Paris, França
Fonds Régional d Art Contemporain, Basse-Normandie, França
Graphothek der Stadtbücherei Stuttgart, Alemanha
Artothek Fellbach, Alemanha
Artothèque Caen, Grenoble, Auxerre, França
Casa de las Américas, Havanna, Cuba
Centro Wifredo Lam, Havanna, Cuba
Ernst & Young, Stuttgart, Alemanha
Deutsche Leasing AG, Bad Homburg, Alemanha
Museu de Arte Sacra, Belém, Brasil
Coleção Joaquim Paiva, Brasília, Brasil
Pirelli/ Museu de Arte de São Paulo, Brasil
Sparkasse Werra-Meißner, Eschwege-Witzenhausen, Alemanha
Sparkasse Siegen, Alemanha
Sparkasse Euskirchen, Alemanha
Landesbank Baden -Württemberg, Alemanha
Collection University Colchester, Essex, Inglaterra
Museu de Arte Moderna São Paulo, Brasil
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil


TEXTOS CRÍTICOS

Missão beleza
Christoph Tannert - 2007

Na arte, muitas vezes nos sentimos como se estivéssemos em um jardim paradisíaco. A pós-modernidade super-estetizante consegue expressar justamente os seus discursos oscilantes e pluralistas apenas por meio de "floreios". Do ponto de vista da metalinguagem, a primavera é "floristicamente" mais bonita, quando o jardineiro percebe florescer aquilo que jamais esperava. Nesse contexto, não há suavidade que baste para retratar o objeto e para amolecer o radicalismo da liberdade e do super-ego. Edouard Manet, Vincent van Gogh, Georgia O'Keeffe, Andy Warhol, Jeff Koons, entre outros, lograram fazê-lo.

Se nos escanogramas de Luzia Simons se constrói nobreza sobre altas hastes, se a beleza ainda vive por um curto espaço de tempo no pathos de sua efemeridade, cresce o reconhecimento de que o anseio pela felicidade precisará ficar restrito apenas ao próprio anseio e que a morte exige o seu quinhão. Quer parecer que essas imagens seriam parte de um rito de anseio nostálgico, através do qual deverá ser suspensa a efemeridade, mas que essas imagens enquanto peças móveis com perspectiva em profundidade, estranhamente cimentam o efêmero.
Aqui, uma tulipa no momento em que abre sua flor, auratizando a sua substância de anseio nostálgico, sorvendo-nos para dentro de um átimo de tempo fantástico, num turbilhão de acontecimentos diante da escuridão do fundo, difícil de absorver de imediato, deixando o observador levemente aturdido olhando para fora do canteiro. Acolá, arrebatamentos de pétalas, que, aliás, Luzia Simons não vai buscar em um repositório de imagens, mas transfere diretamente do vaso para o scanner, nos mostra o drama secreto que transcorre na natureza: a luta de morte, secreta, sob a bela superfície, que faz com que as frutas apodreçam no prato ou as flores murchem.
Trata-se do pathos da efemeridade, que domina cada uma dessas imagens de Luzia Simons, do luto pela beleza já perdida, apesar de toda a aparente exuberância, constituindo um hino a Eros e Tanatos.
Temos de adaptar aos ambientes os nossos desejos de idílio, observando que as verdadeiras catástrofes sempre transcorrem às escondidas.
Flores não podem florir em beleza eterna. A beleza eternizada, que Luzia Simons busca implantar em suas imagens, contra o tempo que passa, é um relato da atração que exerce a efemeridade da vida, assim como da delicadeza e da eufonia que florescem a partir do nada e que ao nada retornam. A memória torna-se uma categoria que move a arte. Ela explicitamente torna-se sujet.
Incomuns em seu efeito claro-escuro, de concepção barroca mesmo, os escanogramas de Luzia Simons parecem reverenciar as imagens de Francisco de Zurbarán, com a tênue diferença de que a existência das tulipas colocadas sobre o scanner tem uma sonoridade trazida do silêncio para o rumor barulhento da metrópole, voltando depois ao silêncio. É por isso também que a encenação da exposição de Luzia Simons no Estúdio 2 do Künstlerhaus Bethanien, complementada por instalações de piso com doces turcos (lokum), atinge um grau máximo de calma, apresentando apenas poucas obras pontuais nas paredes.
Devido à sua filiação ao inaudito, as imagens da artista embutem uma esfera de retração silenciosa, algo extra-ordinário, a cujo potencial energético p.ex. Friedrich Hölderlin se refere em seu Hipérion, quando vislumbrava no mais belo também o mais sagrado.
Muitas vezes atribui-se vaidade àqueles cuja missão é a beleza. Mas apenas aquele que acreditar na beleza da natureza conseguirá adorar flores.

Vários artistas e estudiosos da arte do século XX ressaltaram que o pendor para o belo era uma tendência implícita da arte. Herbert Marcuse encerrou uma palestra com a seguinte frase, em tradução livre: "Aquele que recusa o belo na arte, é reacionário no sentido objetivo"(1). Trata-se de nos atermos à autonomia de categorias estéticas, até mesmo quando determinadas obras de arte as negam. De fato, a arte oscila de ponta a ponta entre a bela aparência e sua contestação. No entanto, trata-se de diferenciar entre a beleza que surge pela forma estética, portanto também na apresentação do feio, e a beleza buscada ostensivamente enquanto tal, ou seja, enquanto afeto no observador.

Se Barnett Newman vê o impulso da arte moderna no desejo de destruir a beleza, então Luzia Simons pertence a uma facção de artistas que não segue o ductus da negação radical. Reconhecimento e ampliação da percepção são vistos por ela num "renouveau" (no sentido usado por Jean Clair), no renascimento de categorias estéticas que o vanguardismo combatia. Com a redescoberta e a revalorização do barroco, articula-se em suas imagens um interesse ao mesmo tempo novo e antigo pela beleza e pela sublimidade, ou seja, por termos opostos à estética radical de vanguarda que preconiza subversão e da negação: o espírito da negação, portanto, converte-se, voltando-se para o positivo.

Luzia Simons recusa-se a aceitar o presente como se aceita uma tempestade de neve. Suas imagens, objetivando hedonisticamente o agora, pleiteiam com ênfase estética a realização do belo e do verdadeiro no instante mesmo, favorizando um "paradise now".


Prof. Werner Knoedgen - 2006

A máquina fotográfica é construída como o olho humano. Em suas características físicas da óptica, dadas pela natureza, sua construção corresponde à composição de lente convexa, feixes de luz focalizados e imagem reproduzida com foco central. Temos, então um ponto de vista individual, dotado de uma área de recepção sensível à luz, onde surge uma reprodução bidimensional da realidade. A dimensão da profundidade, nesse contexto, é compensada pelo teorema da „perspectiva“.

O scanner, em oposição à máquina fotográfica, não tem mais um “ponto de vista”. A posição outrora assegurada do observador entrou em movimento, sendo agora „modo de vista“. Feito para a digitalização de documentos, o scanner não possui lente nem foco. Ele não aceita centro, nem profundidade, nem ponto de fuga. Ele nada conhece além do justaposto, tateando como um cego, arquivando ponto a ponto da imagem com precisão, impiedoso. Tudo o que aparece em primeiro plano tem, para ele, igual luminosidade e nitidez, tudo o que aparece mais ao fundo, perde-se numa escuridão incerta, sem perspectiva.

Quando Luzia Simons coloca flores reais sobre o scanner – e não uma reprodução feita anteriormente – ela toma uma decisão de amplo alcance para um instrumento implacável, que de todo e qualquer volume reconhece como válida apenas a área de superfície. É como se colocasse lado a lado a globalização iminente e a técnica adequada de medição. Neste contexto, a escolha do motivo das tulipas não é aleatória. Uma vez que a tulipa, outrora valiosa como o ouro, não é originária da Holanda, mas sim do Irã e da Turquia, onde até hoje simboliza a vida de uma pessoa, ela poderá representar de modo especial o interesse artístico de Luzia Simons. O fato de todo transplante, toda mudança de cultura representar uma perda dolorosa de continuidade, mas no contexto da dialética de todo e qualquer intercâmbio significar também um enriquecimento não menos importante da identidade, é um tema que a artista vem desenvolvendo há bastante tempo („Transit“, „Face Migration“, „Luftwurzeln“ [“Raízes aéreas”]).

Novamente, os motivos encontram-se fragmentados, mais que evidentes em seus detalhes e ampliados até uma dimensão inverossímil. Beleza barroca e efemeridade de peças florais clássicas são, aqui, citação irônica. Ao contrário, essas tulipas apresentam uma postura decidida, teatral, como se fossem atores de um grande drama cromático – mesmo parecendo tratar-se aqui menos de indivíduos do que de “estrelas” curiosas, ou seja, de representantes. Os corpos das flores, reproduzidos de modo pouco usual e a irrealidade dos percursos cromáticos de ricas nuances lembram, é bem verdade, as pinceladas saturadas de cor dos antigos retratos e naturezas-mortas. Mas a chapa de vidro do scanner, que revela bruscamente o peso nunca antes experimentado de pétalas, comprovando, como o suporte do objeto sob o microscópio, até mesmo o menor resquício de pólen, caído por acaso – esse scanner trata a divisória transparente entre realidade e reprodução como se fosse uma pele fina e sensível. Do indivíduo, restou apenas a vulnerabilidade; de sua beleza oculta e latente, restou apenas a observação.

Como se não bastasse, Luzia Simons coloca os escanogramas, geralmente de grande formato, no contexto discursivo de uma instalação no espaço – entre eles inúmeros dípticos e trípticos, cujos elementos ela entrementes libera também para a composição por parte do espectador. Com vários quilos de lokum, um doce turco, ela compõe mosaicos organizados em rigorosos arabescos, novamente em forma de tulipa, recobrindo grande parte do chão, criando, assim, caminhos arbitrários e distanciamentos que chamam atenção para os quadros na parede. Não raro, o menor escanograma pode estar exposto na parede ao fundo de uma tulipa de solo especialmente grande. Como uma reversão conceitual de contradição em conhecimento, trata-se, nesta instalação, do resultado midiático ainda mais ampliado de uma transgressão cultural. É mais do que mera alusão aos primeiros „pixels“ da Antiguidade européia, mais do que apenas convocação interativa do espectador para que se torne, ele mesmo, „scanner“ de um mosaico no chão: trata-se do gesto oriental primevo do excesso, significando uma devoção humana. E, inesperadamente, instala-se assim uma ligação ainda maior, que irá se conectar com as lembranças de infância da artista, justamente dos mesmos doces – no Brasil.



Stockage
Claudia Emmert - 2006

Na obra de Luzia Simons, a natureza morta torna-se um complexo testemunho da diversidade cultural e sócio-política. A artista se confronta com a história da tulipa, que se transformou em um importante símbolo de identificação cultural tanto no ocidente como oriente. Partindo desse contexto histórico, a tulipa passa a ser vista por Luzia Simons como metáfora da globalização, da identidade intercultural e do nomadismo cultural. A artista questiona o enraízamento do indivíduo nos tempos atuais. O que nos dá o sentimento de pertença, o que nos confere identidade ?

Suas exposições em Istambul, Konstanz e Ostfildern giram em torno de dois elementos centrais: as imagens em grande formato e uma instalação de piso formada por doces turcos, os “rahat lokum“. Enquanto as imagens de tulipas scaneadas, retomam, numa linguagem contemporânea, referências à tradição pictórica holandesa da natureza-morta, a instalação de "rahat lokum" cita os ornamentos turcos florais das tulipas de folhas pontiagudas.

Com seu ciclo “Stockage”, Luzia Simons propõe um interessante fio condutor, partindo do século XVII até a atualidade, refletindo os aspectos típicos da globalização e das marcas da multiculturalidade. A diversidade de alusões metafóricas, que lidam explicitamente com temas atuais de nossa sociedade, transforma a flor, este sujeito aparentemente “gracioso”, em um meio discursivo instigante .


FONTE : Nara Roesler 10.04.2010

Fonte cda

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