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Artista Manoel Costa
Biografia
Manoel Costa

Manoel Costa nasceu como pintor no batismo dos igarapés do Pará, filho de pai canoeiro, criança de olho nas paisagens e nos perigos da selva, precocemente lançado na luta pela sobrevivência.

Como se ouvisse um canto de Mãe-Dágua, o menino Manoel sentiu acender-se no peito a paixão de registrar em formas e cores os momentos mágicos da natureza. Assim, a pintura entrou em sua vida: como ritual de captura da beleza indizível, no magnetismo da paisagem.

Seu talento apurou-se no seu autodidatismo, superando as limitações do seu ambiente cultural. Premiado pelo governo do Amapá com uma bolsa de estudos na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, Manoel Costa pôde finalmente realizar sua vocação. Nem mesmo uma vitoriosa passagem pelo mundo da publicidade o afastou da arte. Ao longo do tempo, ele tem vivido a pintura como incessante busca de sua própria verdade, explorando linguagens diversas como abstracionismo, um expressionismo que liberta a figura das referências objetivas ou construção de uma estética domesticada no desenho mas livre no jogo emotivo das cores.

Em plena maturidade, a arte de Manoel Costa é documentada nesta página como acervo de prestígio na memória nacional - prometendo valiosas surpresas no futuro, em vista da firme determinação do artista de ir ao encontro da sua própria liberdade de expressão.

Walmyr Ayala
Escritor e Crítico de Arte



Há artistas que são autores da própria obra. Outros, há, vítimas da mesma. Parece-me o caso de Manoel Costa. É tão furiosa a irrupção de sua pintura, que o subjuga, domina, impele para estilos vários, deslumbra. O ritmo e a intensidade das pinceladas refletem a fúria eruptiva da vontade de pintar com sua emoção embutida. A pintura é autora de Manoel Costa e não o oposto. Quando emergem-lhe tendências, impulsos ou influências, nem bem dominou-as e já aparecem postas em ação nalgum quadro ou fragmento de tela. Quando parece que "enfim se encontro", nova transformação, enlouquecimento da luz interior, esgar da forma, retornos obsessivos a temas iniciais.

Só falta a Manoel Costa enveredar pelo pós-moderno. parece não querer, como bom escravo do belo: pequenas tentativas na linha da colagem e logo o retorno à paixão figurativa e de meritório teor social, o trabalho anônimo do povo em atividades que a exploração desenfreada e o desenvolvimento tecnológico tratam de matar a cada dia.

A paixão figurativa é ajudada pelo sentido de espetáculo pictórico do qual não se afasta. Nenhum fascínio, porém, pelo fácil ou, ao revés, pelo conceitual ou introvertido.

Manoel Costa não parece interessado num discurso sobre a pintura: ele é pintado por ela, ânsias de artesão com emoções de artista com ganas de expressar, usar o material, desafiar-se a cada momento, não reter fluxos interiores por excesso de conceitos ou tremores intelectuais. Envereda pela cor, domina a pincelada, não parece vacilar diante de excesso de autocrítica castradora.

Pretende a compreensão, quer comunicar-se, flagrar a cor e a luz de suas manifestações, pouco se importando com os temas repetidos; quer dar o seu testemunho sobre tudo e todos: o testemunho, não a revelação. Vítima da alta vocação, do testemunho, espécie de irmão leigo de uma ordem religiosa de crentes na emoção da pintura, sob o império do tom, Manoel Costa cumpre o desiderato maior do criador: colocar técnica, vocação, talento, consciência social e política a serviço da arte sem a pretensão de reformá-la, descobrir-lhe rumos ou repetir os discursos oriundos dos seus centros de poder. Pretende apenas pintar, como um gesto natural, algo que flui.

Daí a vibração de luz e de forma que lhe resulta sem dificuldade, contração ou empostações pretensiosas. A obtenção da forma sem esforço, com imediata decodificação, dá-lhe a qualidade de um artista que alcança seus objetivos pela sabedoria, sinceridade e simplicidade de não os haver colocado longe de si.

Esta dimensão não onipotente, resultante de seu tr

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