Miguel Bakun

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Artista Miguel Bakun
Biografia BAKUN, Miguel
(1909, Marechal Mallet, PR - 1963, Curitiba, PR)

Com quinze anos, depois de passar pela cidade de Ponta Grossa, onde foi aprendiz de alfaiate, ingressou na Escola de Aprendizes da Marinha em Paranaguá. Transferiu-se para o Rio de Janeiro para matricular-se na Escola de Grumetes. Na Marinha de Guerra, conheceu José Pancetti, ainda no início da carreira de pintor, um encontro que, para Bakun, foi decisivo. Em 1930, uma queda sofrida no navio o impossibilitou de continuar a carreira naval. Transferiu-se então para Curitiba, onde passou a dedicar-se exclusivamente à pintura. Algumas mostras de sua obra foram realizadas postumamente na capital paranaense: 1969, retrospectiva, Biblioteca Pública do Paraná; 1974, retrospectiva, Badep; 1989, Miguel Bakun 25 Anos Depois, Museu de Arte do Paraná. Participou diversas vezes do Salão Paranaense de Belas Artes (prêmio de aquisição em 1947, menção honrosa em 1948, medalha de bronze em 1949, medalha de prata em 1950, novamente prêmio de aquisição, 1951 e 1962, e sala especial em 1963). Atormentado, pobre, viveu muitas privações, suicidando-se em 1963. Em 1984, Silvio Back realizou o filme O Auto Retrato de Bakun. Na Bienal de São Paulo de 1985, integrou a sala especial Expressionismo no Brasil: Heranças e Afinidades.

Referências: O acontecimento Andersen (Mundial, 1960), de Valfrido Piloto; Bakun (Livro Técnico, 1984), de Newton Stadler de Souza; 50 anos do Salão Paranaense de Belas Artes (Secretaria de Estado da Cultura/Museu de Arte Contemporânea do Paraná, 1995), de Maria José Justino.



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BIOGRAFIA DO ARTISTA

Biografia
Miguel Bakun (Marechal Mallet PR 1909 - Curitiba PR 1963). Pintor e desenhista. É considerado um dos pioneiros da arte moderna no Paraná. Filho de imigrantes eslavos, ingressa na Escola de Aprendizes da Marinha, em Paranaguá, em 1926. Transferido para a Escola de Grumetes do Rio de Janeiro em 1928, conhece o marinheiro e artista José Pancetti, que o estimula a desenhar. Em 1930 é desligado da Marinha e volta para Curitiba, onde trabalha como fotógrafo ambulante e, mesmo sem formação sistemática, dedica-se à pintura. Para manter-se financeiramente, executa anúncios, letreiros e decorações de interiores. Mais tarde, conhece os pintores Guido Viaro e João Baptista Groff. Em busca de um ambiente cultural mais propício, volta ao Rio de Janeiro em 1939, reencontrando o pintor José Pancetti. Mas, diante das dificuldades encontradas em se estabelecer como pintor, retorna em definitivo para Curitiba no início de 1940. Instala ateliê em prédio cedido pela prefeitura a vários artistas, onde convive com os pintores Alcy Xavier, Loio-Pérsio, Marcel Leite e Nilo Previdi. A década de 1950 é a mais produtiva do artista: dedica-se à pintura de retratos, naturezas-mortas, marinhas, e, sobretudo, à pintura de paisagem. A partir de 1960, realiza obras de temática religiosa. Nessa época, há um predomínio do abstracionismo nas poucas exposições da cidade, marginalizando os artistas figurativos. Miguel Bakun sente esse processo e sofre com sua precária situação econômica. Na ocasião, recebe tratamento médico por causa de forte depressão. No início de 1963, aos 54 anos, o artista suicida-se em seu ateliê.



Atualizado em 22/12/2008 - Itaú Cultural


HISTÓRICO

Nascimento/Morte

1909 - Marechal Mallet PR - 28 de outubro

1963 - Curitiba PR - 14 de fevereiro

Formação

1926 - Paranaguá PR - Alista-se na Escola de Aprendizes de Marinheiros

1928 - Rio de Janeiro RJ - Tranferido para a Escola de Grumetes do Rio de Janeiro, onde conhece José Pancetti (1902 - 1958) que o estimula a desenhar

ca.1930 - Curitiba PR - Torna-se autodidata em pintura incentivado por Guido Viaro (1897 - 1971) e João Baptista Groff (1897 - 1970)

Cronologia

Pintor, desenhista



1917 - Ponta Grossa PR - Vive nesta cidade

1919 - Ponta Grossa PR - Torna-se aprendiz de alfaite

1926 - Paranaguá PR - Vive nesta cidade

1931 - Curitiba PR - Volta a viver na capital paranaense

1931/1937 - Curitiba PR - Trabalha como fotógrafo ambulante, sem sucesso e executa anúncios comerciais, letreiros e decorações de interiores

1939 - Rio de Janeiro RJ - Vive na capital carioca

1950 - Curitiba PR - Decora com pinturas o Salão dos Papagaios, no torreão da mansão do governador Moisés Lupion

1984 - O cineasta Sylvio Back dirige o documentário O auto-retrato de Bakun



Atualizado em 07/11/2005





COMENTÁRIO CRÍTCIO

Com uma pintura de acentos pós-impressionistas e expressionistas, Miguel Bakun é considerado um dos pioneiros da arte moderna no Paraná. Filho de imigrantes eslavos, ingressa na Escola de Aprendizes da Marinha, em Paranaguá, no ano de 1926. É transferido para a Escola de Grumetes do Rio de Janeiro em 1928, onde conhece o jovem marinheiro e artista ainda desconhecido José Pancetti (1902 - 1958). Estimulado pelo amigo, começa a desenhar, seguindo sua inclinação de infância. Realiza desenhos nos diversos períodos em que precisa ficar de repouso por causa de acidentes. Em 1930 é desligado da Marinha por incapacidade física, em conseqüência de uma queda do mastro do navio. Transfere-se para Curitiba, onde trabalha como fotógrafo ambulante. Logo conhece os pintores Guido Viaro (1897 - 1971) e João Baptista Groff (1897 - 1970), que o incentivam a pintar. Autodidata, dedica-se profissionalmente à pintura até o fim de sua vida.

Em busca de um ambiente cultural mais propício, volta ao Rio de Janeiro em 1939. Reencontra Pancetti e realiza uma série de paisagens da cidade, principalmente no morro Santa Tereza. Mas diante das dificuldades encontradas em se estabelecer como pintor, retorna em definitivo para Curitiba no início de 1940. Instala ateliê em prédio cedido pela prefeitura e passa a conviver com outros artistas avessos ao academismo, como Alcy Xavier (1933), Loio-Pérsio (1927), Marcel Leite e Nilo Previdi (1913 - 1982). Esse contato permite que Bakun conheça os valores plásticos da pintura. A surpreendente emotividade dos quadros que pinta supera as deficiências de sua formação, sendo logo notado pela crítica. Em texto de 1948, o crítico Sérgio Milliet (1898 - 1966), após visita à cidade, aponta para o espírito van-goghiano de Bakun, ressaltando que lhe falta noção da tela como um todo e há excesso de empastamento. Contudo, conclui sua crítica dizendo: "o entusiasmo do pintor, sua participação intensa na obra tornam, entretanto, simpáticos os seus próprios defeitos".

A partir de então a comparação com o artista holandês se torna recorrente, tanto com relação à pintura de Bakun quanto por seu temperamento melancólico e depressivo. O próprio artista a aceita, reconhecendo sua admiração por Vincent van Gogh (1853 - 1890), cujos quadros conhecia em reproduções ou pessoalmente. Outro ponto de semelhança entre ambos é uma certa religiosidade mística em conflito com um sentimento de profunda solidão, que de modo e intensidade diversos manifestam-se em suas obras.

A década de 1950 é a mais produtiva de Bakun, que se dedica à pintura de retratos, naturezas-mortas, marinhas, mas, sobretudo, à pintura de paisagem, cuja temática mais recorrente são os arredores de Curitiba, com suas matas e casas simples e a intimidade dos fundos de quintal. É nesse último gênero que encontra seu melhor desempenho artístico. O desconhecimento das leis canônicas da perspectiva para a construção do espaço pictórico faz com que o artista invente de modo prático e intuitivo suas próprias soluções. A elaboração de um espaço quase sem profundidade e pontos de fuga, construído pela corporeidade da tinta, singulariza suas paisagens.

Apesar de utilizar esboços a lápis na tela ou no papel, o desenho não comparece em suas pinturas. As formas são criadas mediante o manejo da própria matéria pictórica. Sua paleta restringe-se a tons de azul, verde, branco, por vezes laranja e vermelho e, a cor preferida, amarelo. A variação entre áreas densas e outras ralas, chegando às vezes à ausência de tinta, constitui a espacialização rítmica de suas obras. Os ambientes, em geral familiares e cotidianos como árvores no fundo do quintal, cercas, portas de madeira gastas em casas simples, beiras de estrada, bosques, adquirem um ar de mistério.

O misticismo panteísta de Miguel Bakun leva-o a uma profunda vinculação com a natureza. Para ele, Deus está presente em todos os elementos vivos, animais ou vegetais, e as cores podem revelar esse componente sagrado. É nesse sentido que se devem fazer restrições aos críticos que vêem em seus trabalhos um viés puramente expressionista. Se por um lado seu olhar singular manifesta-se com liberdade, por outro o respeito pela natureza não o afasta da vontade de representação do real. O que vemos é um envolvimento entre o artista e a paisagem, no qual homem e natureza são permeáveis um ao outro. Isso se revela na sensação de proximidade espacial proporcionada por suas telas.

Em fins do anos 1950 o artista introduz estranhas criaturas no quadro, numa visão animista da natureza ainda que alguns críticos, equivocadamente, vejam influência do surrealismo em seu trabalho. No início dos anos 1960 realiza obras de temática religiosa. Sente-se marginalizado com a chegada do abstracionismo, que começa a dominar as poucas exposições em Curitiba. Sua situação econômica também se torna cada vez mais precária. Esses fatores contribuem para o agravamento de sua depressão, apegando-se como nunca à religião. Em fevereiro de 1963 suicida-se em seu ateliê.



Atualizado em 22/12/2008 - Itaú Cultural



Fonte Diversas

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